Suíça vive indigestão democrática
Assim intitula um editorial do jornal suíço "Le Temps", a maratona de votações no domingo: nove propostas de lei, que serão decididas nas urnas pelos suíços.
Desde 1866, a democracia direta na Suíça não via tantas votações de uma só vez.
Mesmo para o experimentados suíços, que vivem o único exemplo vivo de democracia direta no mundo, a decisão não será fácil.
"Será necessário ter competência de um deputado, e as virtudes de um sábio, para cumprir conscientemente os deveres cívicos do plebiscito de nove propostas", escreve o editorial do jornal da Suíça francesa "Le Temps".
No domingo, eles são convocados a comparecerem às urnas para tomarem posição em relação à sete iniciativas populares de reforma de leis e dois projetos de lei do governo.
Temas variados como balaio de gatos
Os temas são diversos como um balaio de gatos. Abrangem propostas como melhorar a vida de deficientes físicos ou diminuir os aluguéis. Existem também os complexos: a reforma do sistema de seguro-saúde e das forças armadas. Existem também as radicais: o abandono da energia nuclear na Suíça. Existem as exóticas: a iniciativa popular que defende quatro domingos por ano sem carro nas ruas.
Todos esses temas serão decididos pela própria população, que, como manda a legislação, já recebeu em casa um manual, onde estão descritos todos os projetos, com suas formulações legais, argumentos favoráveis, argumentos contra, posições do governo e posições dos autores das propostas.
Essa é a receita ideal, para que o povo diga o que quer. Nas Suíça, a soberania é do povo e é ele que tem a última palavra.
"Indigestão democrática"
Alguns setores da sociedade criticam a diversidade e quantidade das votações de domingo. "Trata-se, afinal, de uma indigestão democrática que a maior parte dos cidadãos irá viver", ressalta o editorial do "Le Temps".
Esse é um acontecimento raro na história da democracia direta na Suíça: a última vez que um número tão grande de propostas de lei foi apresentada em plebiscito ocorreu em 14 de abril de 1866.
Porém se muitos reclamam por não ter tempo de estudar o complexo manual e temer perder um domingo de sol, outros afirmam: nenhum povo tem tanta voz em assuntos do governo como os suíços.
Clique AQUILink externo para ler, na próxima página, as propostas do plebiscito de domingo.
swissinfo, Alexander Thoele

Em conformidade com os padrões da JTI
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Os comentários do artigo foram desativados. Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch