Satélite europeu pode decifrar nossas origens
Cientistas de Genebra divulgaram detalhes sobre missão espacial que vai tentar desvendar alguns dos maiores mistérios do universo.
O Satélite "Integral" - INTErnational Gamma Ray Astrophysiscs Laboratory (laboratório internacional de astrofísica de raios gama ) - a ser lançado dia 17 de outubro, é elemento básico de estratégia da Agência Espacial Européia (ESA) visando a descobrir o que está por trás do sistema solar.
Parte integrante desse projeto é o "Centre de calculs Intégral Science (ou Integral Science Data Centre - ISDC), em Versoix, arredores de Genebra. Ali, a informação reunida por esse satélite de 4 toneladas será analisada e divulgada, graças a software especialmente aperfeiçoado no Centro.
Interface
"Estamos prontos para o lançamento", diz Thierry Courvoisier, chefe do ISCD, ramo do Observatório de Genebra que é parte da Universidade de mesma cidade. Courvoisier descreve esse centro como interface entre satélite e a comunidade científica de modo geral.
"Esse é um domínio do espectro em que as observações têm sido poucas e raras e estamos ansiosos por preencher a lacuna", frisou o cientista a swissinfo. "Esperamos que Integral contribua muito à astrofísica de alta energia".
Há enorme excitação em torno de missão de Integral, pois ele vai empregar um leque de imagens e espectroscopia jamais realizado. Instrumentos tão potentes são necessários porque ele estudará raios gama - um "subproduto" dos mais violentos acontecimentos no universo.
Extremo
"Integral (International Gamma Ray Astrophysics) deve levar-nos a um extremo - colisão de galáxias e morte de estrelas - em que enormes quantidades de energia são liberadas", observou David Southwood, diretor da área de ciência da ESA.
Os fenômenos que Integral estudará, como buracos negros, quasares e explosões de raios gama, são por natureza lugares inóspitos para a vida. Paradoxalmente, porém, espera-se que a informação coletada esclareça nossas origens.
"Isso nos permitirá ver como se formaram os elementos que produzem vida", disse Southwood a swissinfo. "Poderemos ter uma visão global sem riscos".
O estudo dos raios gama não fornecerá aos cientistas todo o quadro. Outras fontes de energia - raios-x e luz ótica normal - precisam ser estudadas para preencher lacunas. Por isso mesmo há 4 importantes instrumentos a bordo do satélite.
Contexto
Dois devem estudar os raios gama: IBIS é engenho de alta resolução de imagem que tirará fotos desses raios gama; o SPI é um espectômetro que desestrutura a imagem e ajuda a determinar suas origens.
Mas haverá também dois monitores de raios-x e um telescópio, no sentido de contextuar as descobertas de raios gama.
"Os fenômenos físicos que emitem esses raios gama nem sempre são fáceis de descobrir", destacou Courvoisier. "Eles produzem apenas <assinaturas> amplas". Você só pode esperar compreendê-los se dispuser de vasta série de fotos à disposição".
Esforço europeu
Integral é sinal de crescente confiança no programa espacial europeu. A NASA estava inicialmente envolvida no projeto - devia fornecer o espectômetro - mas resolveu sair. ESA optou por permanecer no projeto.
"Decidimos ir em frente mesmo quando os norte-americanos abandonaram o projeto lembra Southwood. Os Europeus se uniram para realizar algo fundamentalmente importante para nossa civilização".
VAle acrescentar que um importante contribuinte externo é a Rússia que vai lançar o satélite a bordo de seu foguete Próton - em troca de acesso a dados coletados.
swissinfo / Roy Probert

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