Navigation

Presidente uruguaio abre Congresso sobre Câncer na Suíça

Tabaré Vázquez em Havana, em junho passado. Reuters

O médico Tabaré Vásquez, presidente do Uruguai, participa da abertura do Congresso da União Internacional Contra o Câncer, em Genebra.

Este conteúdo foi publicado em 27. agosto 2008 minutos

Ele também será recebido pelo presidente suíço, Pascal Couchepin, e pela ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey. Antes de viajar, ele concedeu entrevista à swissinfo.

"Esta visita à Suíça responde ao convite da ministra Micheline Calmy-Rey feito em 1° de março de 2005, quando ela esteve no Uruguai para a cerimônia de minha posse como presidente da República. Será um prazer revê-la", disse o presidente uruguaio.

Ele manifestou também sua alegria em reunir-se com o presidente em exercício da Suíça, Pascal Couchepin, e de participar nesta quarta-feira com ele da abertura do Congresso Mundial sobre Câncer, presidido por "um prestigioso colega e amigo, o suíço Franco Cavalli".

Como membro do Mercosul e país agro-exportador, o Uruguai também pede o fim do subsídios e a abertura dos mercados dos países industrializados.

Recentemente, o chanceler uruguaio Gonzalo Fernández reiterou que deve haver "mais um esforço" para salvar a Rodada de Doha (estão previstas novas discussões em setembro ou outubro), tema que o presidente Vázquez também abordou nesta entrevista.

swissinfo: Presidente, o Uruguai é conhecido como a "Suíça da América" porque tem várias semelhanças com o país alpino. Quais são os pontos comuns?

Tabaré Vázquez: O primeiro e mais importante é que a Suíça e o Uruguai têm muita gente em comum. Há uma importante comunidade suíça em nosso país, cujos pioneiros chegaram em meados do século 19, e, nos tempos de autoritarismo político e de dificuldades econômicas, muitos uruguaios encontraram refúgio e trabalho na Suíça.

Além disso, somos países de fronteira. Basta observar o mapa para constatá-lo e medir a importância dessa situação. Temos importantes reservas hídricas, o que representa um valor formidável num mundo ameaçado pela escassez de água e pelas mudanças climáticas. Como se isso não fosse suficiente, temos reservas democráticas. Suíça e Uruguai concebem e vivem a democracia como forma de governo e Estado da sociedade.

swissinfo: O que o Uruguai ofecerá à Suíça nesta viagem?

Tabaré Vázquez - Os pontos em comum mencionados anteriormente e outros valores compartilhados, como uma política macroeconômica equilibrada e consistente; respeito de contratos e obrigações e regras claras e transparentes para todos.

Temos ainda uma carteira de investimentos de interesse nacional (infra-estrutura e logística, energia, indústrias automotiva, química e farmacêutica, turismo); políticas de especialização produtiva; regimes promocionais em diversas áreas de produção e uma região, o Mercosul. Não é pouco o que oferecemos, não lhe parece?

sswissinfo: Em abril de 2007 o ministro uruguaio da Indústria esteve em Berna e falou do país como porta de entrada no Mercusul. Houve progresso em matéria de investimento?

Tabaré Vázquez - Aquela visita e esta não são fatos isolados, mas parte de um processo evolutivo, de uma política de inserção internacional que deve transcender o atual período de governo.

Estamos avançando em termos bilaterais e isso não é em detrimento do Mercosul, que não é uma jaula de ouro e sim um sistema de integração. E como todo sistema de integração, é uma construção permanente e complexa.

Digo isto porque existe certa tendência a dramatizar as insuficiências e diferenças no Mercosul. Claro que as há e devemos assumí-las para resolvê-las. Aliás, o Mercosul é único sistema de integração regional no mundo que tem insuficiências e diferenças? Por acaso, nossas insuficiências e divergências são dramáticas e irremediavelmente piores do que as dos outros sistemas de integração? As comparações são antipáticas, porém não se pode dissimular a realidade.

swissinfo: O motivo dessa viagem é aprofundar as relações diplomáticas e econômicas e abrir novos mercados. Qual será a estratégia de seu governo se a rodada de Doha fracassar?

Tabaré Vázquez - Sua pergunta refere-se ao expressado anteriormente: todos os problemas do mundo não decorrem das insuficiências e diferenças do Mercosul, que, reitero, não devem ser ocultadas nem desculpadas para os integrantes do bloco.

As dificuldades da rodada de Doha talvez não sejam culpa de ninguém, mas é responsabilidade de todos.

Os países que integram o Mercosul assumem essa responsabilidade e não apenas fazem críticas, mas buscam soluções. Não esperamos milagres, porém estamos fazendo todos os esforços que estão ao nosso alcance para que a Rodada de Doha não termine com outra frustração.

É que as frustrações desse tipo causam desânimo nos negociadores, porém muito mais grave que a tristeza desses funcionários é o terrível impacto num comércio mundial enlouquecido e injusto para a vida de milhões de pessoas.

Entrevista swissinfo, por telefone: Norma Domínguez, Buenos Aires

Fatos

Quase 700 mil suíços residem atualmente no estrangeiro.
No Uruguai se estima em 50 mil os descendentes de suíços, porém apenas mil pessoas conservam a cidadania helvética.
Os vínculos entre a Suíça e o Uruguai datam de meados do século 19, quando começaram a chegar os imigrantes suíços.

End of insertion

A 'SUíçA DA AMÉRICA'

O qualificativo de "Suíça da América" surge do contexto ambíguo e pacífico do Uruguai entre as potências continentais (Argentina e Brasil) e os sistema de governo colegiado adotado pela Suíça, adaptado pelo presidente José Battle e melhorado por outro presidente, Luis Battle Berres.

End of insertion

SUíçA-URUGUAI

Similitudes e aspectos das relações entre a Suíça e a "Suíça da América Latina", citados pelo ex-ministro da Justiça Christoph Blocher:

A Suíça, como o Uruguai, é um pequeno país rodeado de grandes potências econômicas.

Ambos são democracias com uma certa estabilidade.

As relações econômicas entre a Suíça e o Uruguai têm uma ampla tradição.

No século 19, os suíços fundaram a cidade de Nova Helvécia, a 120 km de Montivideo.

Em 1860, o instituto financeiro de Basiléia Siegrist & Fender comprou terras cultiváveis no Uruguai.

Os primeiros suíços viajaram para o Uruguai para trabalhar nessas terras.

Hoje, várias empresas suíças estão instaladas no Uruguai, essencialmente no setor farmacêutico e agroalimentar e desfrutam do atraente sistema liberal do país.

End of insertion

Agenda na Suíça

27.08.: Audiência com o presidente Pascal Couchepin.
Participação da inauguração do Congresso da União Internacional Contra o Câncer (UICC). Reunião com a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.
Jantar com a ministra das Relações Exteriores, Micheline Calm-Rey.

28.08.: Visita ao Hospital Universitário de Genebra.
Audiência com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy.

End of insertion
Em conformidade com os padrões da JTI

Em conformidade com os padrões da JTI

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Os comentários do artigo foram desativados. Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch

Partilhar este artigo

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?