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No passado era arriscado nadar nos lagos e rios da Suíça

O cheiro é forte e há peixes mortos boiando. Nadar no lago...nem pensar! Até os anos 1950, o esgoto era despejado diretamente lagos e rios da Suíça. Então a situação mudou e hoje, praticamente toda a população está ligada à rede de tratamentos de águas. Porém existem novos desafios.

Este conteúdo foi publicado em 30. junho 2017 minutos
Lago de Neuchâtel em 1964: uma mulher sentada às margens ao lado de uma placa com os dizeres "Banho proibído". Keystone

Os rios, riachos e lagos na Suíça são limpos e servem até como espaço de lazer. A qualidade de suas águas é exemplar. Muitos não imaginam que o banho nesses lugares era proibido no passado.

Apenas 15% da população suíça estava ligada à rede de tratamento de águas até os anos 1960. O esgoto caseiro e industrial, muitas vezes contendo substancias toxicas, era despejado diretamente nos rios e lagos.

Michael Schärer, responsável pelo setor de proteção de águas no Departamento Federal de Meio Ambiente, lembra-se das chamadas "vacas do lago" de sua infância nos anos 1970. Eram os barcos que recolhiam os tapetes de algas dos lagos. Algumas décadas antes, muitas pessoas até se adoeciam e podiam ter fortes diarreias se engolissem um pouco de água ao nadar no lago. Na época, as placas com os dizeres "Nadar sob risco próprio" alertavam os banhistas sobre riscos. 

População fez pressão

Montanhas de espuma em córregos poluídos, restos de papel higiênico nas margens do lago, tapetes de algas, peixes mortos boiando: a poluição das águas não era apenas visível, mas também...cheirava.

Em 1963 houve uma epidemia de tifo na famosa estação de esqui de Zermatt. Como resultado, três pessoas morreram e 450 adoeceram. Então o governo federal e os cantões decidiram subvencionar a construção de estações de tratamento de agua e esgoto nas comunas (municípios).

A força motriz para a limpeza das águas na Suíça foi, muitas vezes, a população e sua crescente consciência ecologia. Em 1967, a aprovação nas urnas da iniciativa popular "Proteção das águas contra a poluição" obrigou uma mudança de postura. Em 1971, o tratamento de aguas residuais se tornou uma exigência legal.

Em 2005, 97% da população suíça já estava conectada a uma estação central de tratamento de aguas. A rede de canalização atualmente se estende por 130 mil quilômetros, nos quais estão ligadas as 800 estações de tratamento em funcionamento no país.

Esse sucesso teve um custo elevado para a Suíça. A expansão da infraestrutura - canalizações, sistemas de depuração da água e outras construções para a eliminação dos esgotos - consumiu 50 bilhões de francos. O governo federal colaborou com 5,3 bilhões de francos. Neste ano foram repassados os últimos 10 milhões às comunas.

Uma história de sucesso?

A Suíça conseguiu assim proteger seus lagos e rios. Tratada, a água que sai hoje das canalizações é hoje pura. Michael Schärer, do Departamento Federal de Meio Ambiente, fala de uma "história de sucesso". A população hoje tem o privilégio de poder se banhar nos centros urbanos. "Muitos turistas ficam espantados com isso". Também é um "grande luxo" poder beber água potável diretamente da torneira. 

Quando o verão chega, habitantes de cidades como Thun e Berna aproveitam para pular e nadar no rio Aare. Keystone

Porém existem ainda problemas não solucionados. Restos de medicamentos, agrotóxicos, produtos químicos e hormônios prejudicam a fauna e flora do país. Esses micros-poluentes não podem ser facilmente depurados por filtros nas estações de tratamento. Muitos deles provocam danos nos órgãos ou até a esterilidade nos peixes.

Um programa nacional prevê agora uma expansão dos sistemas de filtragem nas estações de tratamento até 2040. Ela permitirá a retirada de micropoluentes nos esgotos. O custo do projeto está avaliado em um bilhão de francos.

Comunas determinam as taxas

Na Suíça existe o princípio de cobrança de taxas em relação a quantidade de esgoto produzida. E elas devem cobrir os custos desse serviço. Assim as comunas e empresas comunais estão autorizada a fazer cobranças às populações. Elas variam de comuna para comuna, variando de 20 a 70 francos para um lar com quatro pessoas.

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