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Veredito histórico obriga Suíça revotar incentivos fiscais familiares

A Suprema Corte do país ordenou a repetição de uma votação controversa sobre incentivos fiscais para famílias – um fato inédito na história do sistema suíço de democracia direta.

Este conteúdo foi publicado em 11. abril 2019 minutos
swissinfo.ch
Os juízes da Suprema Corte da Suíça deram uma decisão histórica © Keystone/Laurent Gillieron

Os juízes determinaram que o governo não forneceu informações corretas aos eleitores sobre uma proposta para garantir tratamento fiscal igual para casais casados e não casados, de acordo com uma declaração do Tribunal Federal publicada na quarta-feira (10).

“A informação incompleta e errônea do governo violou a liberdade de voto. Tendo em mente o resultado próximo e a severidade das irregularidades, é possível que o resultado da votação tenha sido diferente”, disse o comunicado.

No ano passado, o governo admitiu a desinformação, dizendo que o número de casais que seriam afetados foi erroneamente relatado. Em vez dos 80 mil casais casados e registrados que estavam em linha para se beneficiar da redução de impostos, eram 454 mil casais.

A iniciativa do Partido Democrata Cristão acabou sendo rejeitada por uma ligeira maioria em um plebiscito realizado em fevereiro de 2016.

Reação

Numa reação inicial, o partido mostrou-se mesmo surpreendido pela decisão da justiça e apelou ao governo a melhorar a sua política de informação. "A decisão de hoje é um impulso para os direitos políticos dos eleitores suíços", disse.

Em junho de 2018, o PDC interpôs recurso contra o resultado, argumentando que a campanha do governo era baseada em estatísticas falsas.

Os críticos, no entanto, argumentam que a decisão do tribunal pode abrir um precedente para uma enxurrada de queixas, minando a democracia direta.

Por sua parte, o governo disse que tomou nota da decisão e consideraria os próximos passos quando o veredito detalhado for publicado.

Observadores dizem que o governo e o parlamento poderiam apresentar uma contraproposta para uma emenda legal permitindo que o comitê de iniciativa retire sua iniciativa.

História

Para Vincent Martenet, professor de direito da Universidade de Lausanne, a decisão do tribunal não é uma surpresa. Mostra a base legal sólida do sistema democrático da Suíça.

Os eleitores têm o direito de serem informados corretamente, disse Martenet.

É a primeira vez na história da Suíça que a Justiça Federal ordenou a anulação do resultado de uma votação, de acordo com a Chancelaria Federal.

Em 2008, a mais alta corte rejeitou a exigência de cancelar o resultado da votação de uma reforma tributária das empresas, afirmando que uma nova votação prejudicaria a segurança jurídica.

No século XIX, a Câmara dos Deputados anulou o resultado das eleições de 1854 no cantão do Ticino, após denúncias de violência e intimidação dos eleitores.


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