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Barbatuques, "uma versão barata de teatro"

Público suíço aplaudiu o Barbatuques; a crítica nem tanto. Foto: Barbatuques

Em sua passagem pela Suíça, neste final de semana, o grupo brasileiro de percussão corporal Barbatuques encantou o público, mas não convenceu a crítica.

Este conteúdo foi publicado em 17. agosto 2009 minutos

No entanto, segundo o jornal Tages-Anzeiger, de Zurique, o modelo de teatro do Barbatuques é imbatível em tempos de crise: mesmo sem cenografia ou coreografia, agrada às massas.

Durante duas semanas, de 14 a 31 de agosto, acontece em seis palcos da Landiwiese – uma "praia" de grama à beira do Lago de Zurique –, uma série de espetáculos circenses, teatrais e folclóricos de grupos internacionais.

O objetivo do festival é "respirar o mundo, ser descomplicado e proporcionar alegria". E essa impressão também foi passada na abertura neste final de semana pelo grupo Barbatuques. O público aplaudiu o que os brasileiros mostraram no Seebühne (palco localizado no lago); a crítica nem tanto.

O jornal Tages-Anzeiger, maior da Suíça, definiu o espetáculo Indivíduo Corpo Coletivo como uma nova versão do show irlandês Riverdance e do norte-americano Stomp!.

"Um dos integrantes, por exemplo, consegue fazer uma performance da canção Smoke on the Water (de Deep Purple, 1972) de modo que soe como uma guitarra peidante. Isso realmente é engraçado", escreve o diário zuriquense.

Os artistas do Barbatuques fazem música com o próprio corpo: palmas, estalos, batidas no peito, sapateados, vácuos de boca, recursos vocais entre vários outros sons transformam-se em ritmos e melodias. "Celebram o corpo como fonte infinita de música", como escreve a crítica brasileira.

"Modelo imbatível"

Bem menos entusiástica, a jornalista do Tages-Anzeiger admitiu que gostaria muito de poder se identificar com "os 90% do público que piram com show". Mas não conseguiu. "Mais parece uma hora de animação do Club Mediterranée ou um bem bolado programa de lazer num acampamento de esqui", escreveu.

"Por maior que seja o engajamento do grupo, o conceito de som corporal esgota-se em meia hora. E o público tem de participar, por exemplo, quando centenas de pessoas batem com um dedo na palma da mão para produzir uma chuva de verão", acrescentou.

Em todo o caso, ela reconheceu dois méritos do Indivíduo Corpo Coletivo: ele ensina que o ser humano, mesmo sem palavras, pode ser tudo – animal, turntable, tuba etc. "E que o modelo de teatro do Barbatuques é imbatível em tempos de crise: sem cenografia, com roupa comum como coreografia, quase sem requisitos e com a garantia de agradar às massas. E a chuva de um dedo soa melhor do que a chuva de verdade."

Estreia europeia em Cannes

Antes de vir para a Suíça, o Barbatuques se apresentou no começo do mês em Paimpol e Murat, na França. Sua estreia na Europa ocorreu em 2003, em Cannes. O grupo também já realizou workshops e espetáculos na Espanha, nos Estados Unidos, em Portugal, Líbano, Rússia, Senegal e Colômbia.

Fundado pelo músico Fernando Barba, o grupo se define como "um núcleo artístico e pedagógico que pesquisa a percussão corporal". Já lançou dois CDs - Corpo do Som (2002) e O seguinte é esse (2005) – e o DVD Corpo do Som ao Vivo (2007). Em 2006 o Prêmio TIM de Música como melhor grupo de MPB.

Depois de Zurique, a agenda do grupo continua em São Paulo, onde se apresentará nos próximos dias 22 e 23 de agosto, no Sesc Pinheiros, também com o espetáculo Indivíduo Corpo Coletivo, que estreou no Teatro Santa Cruz, em março deste ano. Para os paulistanos, será uma oportunidade para conferir se a crítica suíça tem razão.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com jornal Tages Anzeiger)

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