Gordo, com as bochechas rosadas e sorridente, ele desce todo ano do extremo norte para distribuir presentes e colocar extrelas nos olhos das crianças.

O mito do Papai Noel nutre o imaginário delas antes da transição para a idade da razão.

"O personagem de Papai Noel comporta uma dimensão iniciática", afirma Thierry Wendling, etnólogo na Universidade de Neuchâtel, oeste da Suíça. A descoberta de sua não-existência é uma das etapas da vida em que o sistema de pensamento se modifica radicalmente.

Para a criança, esse velho vestido de vermelho existe realmente. Na noite de 24 para 25 de dezembro ele percorre o mundo com seu trenó voador puxado por renas e entra nas casas pela chaminé para colocar presentes nos sapatos ou sob a árvore de Natal.

As dúvidas surgem geralmente por volta dos sete anos. A criança possui então uma capacidade crítica maior e divide conhecimentos com seus camaradas. "Para algumas crianças, a descoberta da realidade é uma grande decepção", explica Wendling.

Tornar-se grande

"É preciso estar muito atento a essa transição", afirma Francine Coureau, contadora de histórias e formadora de adultos em La Chaux-de-Fonds, segunda maior cidade do cantão de Neuchâtel. Se a criança entende que tudo é falso, pode se sentir vítima de grande mentira e se sentir traída.

Para os pais, é melhor ter preparada uma resposta positiva para a criança. "Precisa explicá-la que existem seres criandos da união entre um pai e uma mãe e outros que são criados pelo pensamento e pela palavra e que esses não têm corpo, como o Papai Noel", explica Coureau.

Esse momento pode ser valorizador para a criança que aprende, assim, a distinção entre o entre o real e o imaginário. Ele constata que ficou grande, acresenta Thierry Wendling. Posteriormente ele poderá brincar com essa descoberta mantendo o mistério com os menores ou mostrando que detém um novo saber.

A capacidade de dar

Difícil é ignorar o Papai Noel, que está em toda parte: no supermercado, na publicidade, na televisão e na rua. Um meio de contornar sua recuperação comercial é transmitir às crianças os valores que ele representa, como a generosidade e a partilha.

"Cabe aos pais acrescentar um pouco mais de sentido para que Papai Noel mantenha essa capacidade de criar e de dar", segundo Francine Coureau. Um exemplo é imaginar o que a criança poderia fabricar para dar de presente a um parente próximo, à maneira de Papai Noel.

swissinfo com agências

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