Indústria relojoeira enfrenta o futuro
Ninguém precisa mais de um relógio para saber que horas são. A indústria relojoeira suíça não apenas sobrevive, mas prospera como nunca. Qual é o segredo de um dos setores mais dinâmicos da economia helvética?
Este conteúdo foi publicado em 18. fevereiro 2022 - 16:00- Deutsch Überleben Schweizer Uhrmacher ein weiteres turbulentes Jahrhundert?
- Español ¿Los relojeros suizos sobrevivirán al siglo XXI?
- 中文 瑞士制表商能否再次在百年危机中得以幸存?
- Français Les horlogers suisses survivront-ils au 21e siècle?
- Pусский Швейцарские часовщики и век «великих потрясений»?
- English Can Swiss watchmakers survive another century of disruption? (original)
- 日本語 スイスの時計メーカーは21世紀を生き残れるか?
- Italiano Gli orologiai svizzeri possono sopravvivere a un altro secolo turbolento?
A indústria relojoeira continua lutando para se impor no competitivo mercado, apesar das previsões de iminente desaparecimento. Vivendo durante décadas com uma espada de Dâmocles pendurada na cabeça, as empresas investem em novas tecnologias e inovam a cada instante.
Ao contrário da indústria relojoeira britânica, que morreu há muito tempo, as marcas suíças deixaram de ser fábricas no fundo de quintal por artesãos para entrar na era industrial, com linhas de produção inspiradas na indústria automobilística dos EUA no século 19.
Outro desafio significativo foi a chegada dos relógios à quartzo, nos anos 1970. Embora tenha sido inventada na Suíça, a tecnologia chegando nas mãos dos japoneses, que inundaram o mundo com relógios baratos e eficientes.
Fabricantes como Seiko conquistaram clientes no mundo inteiro com modelos modernos. Várias empresas suíças não sobreviveram aos novos tempos. Porém uma delas mostrou que havia uma saída e revolucionou o mercado com seus relógios coloridos à quartzo e de baixo custo: a Swatch.
Um desafio mais recente foi o surgimento do Apple Watch e outros relógios inteligentes que não apenas servem para marcar hora.
Muitos previam que os chamados "smartwatches" iriam dominar o mercado de relógios devido ao sucesso da Apple com o seu iPhone. Até agora, apenas os relojoeiros suíços que produzem relógios de baixo custo entraram nesse novo segmento.
A maioria dos outros fabricantes prefere se ater ao que fazem de melhor: modelos complexos voltados a uma clientela abastada. Nos últimos anos, os relojoeiros suíços continuaram a se desenvolver.
A alta demanda por certos relógios, cujos preços se elevam no mercado secundário, teve por consequencia o aumento da concentração dos lucros em benefício de algumas marcas.
Esta tendência de vender menos relógios, mas a um preço cada vez mais elevados, pode levar a um círculo vicioso. Devido à falta de volume, a indústria pode ter dificuldade de angariar os fundos necessários para financiar a inovação.
Em um mercado dominado pelos gigantes da indústria do luxo e - algumas grandes marcas de prestígio (Rolex, Patek Philipp, Audemars Piguet - pequenas marcas independentes conquistam nichos. É o caso de Kari Voutilainen, um dos grandes nomes da alta relojoaria contemporânea, cujos modelos são disputados por colecionadores de todo o mundo.
Alguns empresários tentam sacudir uma indústria conhecida pelo conservadorismo e imobilidade ao lançar novos modelos de negócios. Thomas Baillod desenvolveu um relógio turbilhão por menos de cinco mil francos para demonstrar que estes modelos complexos podem ser acessíveis a qualquer um.
Outras iniciativas surgem para tentar atrair uma nova clientela apaixonada por relógios, mas que não tem meios para comprar modelos que custam vários milhares de francos. O fabricante Jura Initium oferece aos apaixonados a possibilidade de montar seu próprio relógio mecânico. Um conceito testado pelo repórter da swissinfo.ch.
Apesar de todas as crises - a última em 2020 com a pandemia - a indústria relojoeira suíça conseguiu resistir a muitas tempestades e evitar sucumbir a modismos. Relógios mecânicos "made in Switzerland" continuam sendo um símbolo de status.
Os relógios suíços ainda são cobiçados, mesmo que já não sejam úteis só para ver as horas.

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