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O nome Brasil ajuda a vender Feira suíça

Com chuva e tudo, nome do Brasil atrai. swissinfo.ch

A Feira Industrial do Valais não pensou duas vezes para torná-la mais vibrante e alegre. Tomou emprestada a imagem do Brasil, como chamariz, apelando para sua boa música, a fama do Carnaval, à beleza da mulher, à sua culinária...

Este conteúdo foi publicado em 09. outubro 2003

Com alguns tropeços.

Há algumas semanas, em várias cidades suíças, pode-se ver um cartaz da "Foire du Valais", com a palavra Brasil, em destaque, nas costas de uma enxuta garota brasileira, bronzeada pelo sol dos trópicos. A mostra se realiza entre os dias 3 e 12 de outubro, em Martigny, sudoeste.

Com um biquíni típico das praias brasileiras e uma toalha amarrada na cintura, ali se mesclam o verde-amarela-azul e branco com o vermelho e branco suíços. São, respectivamente, as cores do Brasil e do cantão do Valais (e por coincidência, também as da Suíça).

Pelo cartaz pode-se deduzir que se apela à índole festiva dos brasileiros como forma de animar o evento e dar um toque exótico ao encontro.

E quem vê o cartaz pode pensar que o Brasil é o convidado de honra dessa Feira, de caráter eminentemente industrial. (Mas pequena parte dela é dedicada à pecuária, suínos, caprinos e leporídeos... Também não faltam diversão, espetáculos e gastronomia, como ocorre geralmente em feiras. E a de Martigny não poderia ser exceção.)

Brasil, convidado de honra?

Não, os organizadores desfizeram logo esse equívoco. O Brasil é sim, convidado, mas não "Convidado de Honra". Ao convidado de honra cabe o lugar mais alto do pódio, como é o caso da província italiana de Turim e não do Brasil, que, no caso, fica em segundo plano.

O diretor comercial da feira, Philippe Jordan, rejeita a crítica de que o cartaz seja propaganda enganosa. Divulga-se uma imagem que se tem do Brasil, país de carnaval, de festas etc.

“Não acho, porém, realça, que o fato de se veicular essa imagem nessas circunstâncias seja negativo. Pelo contrário".

Segundo Jordan, o cartaz "transmite o espírito de festa, de sol e de exotismo". E lembra que de acordo com uma pesquisa – anterior à realização – os visitantes iriam à feira "para se distrair e ver algo de especial". Função essa que o pavilhão brasileiro, como "âncora do evento", cumpriria perfeitamente.

“O Brasil é um país de festa e alegria”

O fato de que os brasileiros sejam "gente calorosa que gosta de festejar" revela um pouco a índole de um povo. Índole que os suíços, um tanto pacatos e distantes por natureza, até parecem invejar. São, portanto, qualidades que os brasileiros sabem ser inatas e aceitam como tal.

Receiam, entretanto, que isso tenha conotação negativa de oba-oba, de festivo, de falta de seriedade. Na Feira do Valais, entretanto, ficou claro que se quis ressaltar uma característica valorizada do temperamento brasileiro (que achamos ser freqüentemente associado à índole carioca).

O responsável pelo Pavilhão Brasileiro da "Foire", o marroquino Salah Oulid, disse a swissinfo que, com essa associação, procurou-se acentuar "o lado espetáculo, a gastronomia, a festa" do País. E destacou: "O Brasil é um país de festa".

Choques

O pavilhão do Brasil, circular e de madeira, é um anfiteatro à maneira romana. O teto, em veludo roxo, cobre uma área de 350 m2. Dispõe de um restaurante para 250 pessoas, um palco para espetáculos e música ao vivo (à noite), onde pode se sentir a vibração do samba e do Carnaval brasileiros.

O verde-amarelo está por todas as partes (impossível de combinar com o roxo). No barzinho da entrada, jovens brasileiras servem "caipirinhas" aos apreciadores de uma bebida diferente, hoje conhecida internacionalmente.

A cozinha fica no fundo, onde são preparados os pratos brasileiros. O ambiente é descontraído e apreciado pelos "valaisanos, povo quente e festeiro", na definição de Salah Oulid.

O cardápio traz especialidades brasileiras, como churrasco, feijoada e xinxim de galinha. Não sei se todos são elaborados como se deve, mesmo que nos tenham garantido que a supervisão geral da cozinha é feita por uma brasileira.

“Deixe-se devorar pelas «índias» nativas do Brasil”

O xinxim de galinha (que figurava no cardápio como "chichim de galinha") não tinha nada a ver com a especialidade. É a única coisa que podemos dizer.

Mas, como quem vai ao pavilhão em geral não conhece a nossa cozinha e muito menos a ortografia...vale tudo! As indicações como "Restaurante Brazilia" (com Z), "Carnaval di Brasil" (em vez de do Brasil), depois de uma caipirinhas e umas cervejas (tem Brahma!), do samba frenético de garotas rebolando... passa para um segundo plano.

Intrigou-nos, porém, na publicidade da Feira e do pavilhão brasileiro em particular, esta frase: "deixe-se devorar, delicadamente, sem resistir, pelas «índias» nativas do Brasil".

O responsável pelo pavilhão lembrou porém que "as dançarinas são todas mulheres casadas” que lá estão apenas para o espetáculo".
Será ingenuidade ou malícia de nossa parte?

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

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