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Na pista do avô

"Seguramente Klee foi um pintor suíço", afirma Alexander Klee, o neto do artista. swissinfo.ch

O único neto de Paul Klee, Alexander Klee, nasceu na Bulgária em 1940, ano da morte de seu avô.

Este conteúdo foi publicado em 02. junho 2005 minutos

Alexander Klee é artista plástico, presidente da Fundação Paul Klee e foi a força motriz por trás do surgimento do Centro Paul Klee. Ele mora com a família em Muri, na região de Berna.

swissinfo: O senhor é o sucessor de seu pai, Felix Klee, na presidência da Fundação Paul Klee. Trata-se de uma herança difícil?

Alexander Klee: Não, de maneira alguma. Quando se trata da própria família, da própria história, do próprio avô, é impossível não aceitar. Eu achava importante que o trabalho de meu pai, depois da sua morte, tivesse continuidade. Nós sempre trabalhamos juntos. Ele foi um ótimo pai e sempre me dizia: „Quando eu for, você assume".

A inauguração do Centro Paul Klee é uma aventura maravilhosa. Criamos uma coisa completamente nova e ninguém sabe ainda como vai ser, se é certo ou errado, mas, certamente, encontraremos um caminho.

swissinfo: Quem foi Paul Klee para o senhor?

A.K.: Para mim ele não era o grande pintor, era o avô que eu não conheci. Eu já tinha 20 anos quando me dei conta de que ele era uma grande personalidade da História da Arte. É difícil explicar. Quando vim para Berna, com oito anos de idade, era importante para mim saber que meu avô tinha vivido aqui. Berna era uma cidade estranha para mim, mas era bom constatar que o mesmo armazém onde ele comprava o leite ainda existia. Às vezes eu tentava imaginá-lo na cidade, de sobretudo e chapéu.

swissinfo: O senhor seria, então, o maior fã de Paul Klee?

A.K.: Talvez, por que não? (Risos) Aceito esta definição. Não que eu ame tudo dele só porque sou seu neto. Também não acho que goste da sua obra só porque estive cercado dela na infância e tenha tido contato direto com seus quadros.

Eu vejo a obra de meu avô como vejo a obra de Picasso, ou de qualquer outro pintor. Tenho preferências, gosto mais de algumas coisas, menos de outras. Os quadros da sua última fase me tocam mais, são desenhos simples, com grandes traços, que contêm uma profunda impressão sobre o significado da vida.

swissinfo: Na sua opinião, por que a obra de Klee atinge um público tão grande?

A.K.: Seus quadros têm algo de muito íntimo. Contam sempre uma história em pequena proporção, como um poema. De certa forma, os trabalhos de Klee se movimentam na fronteira entre desenho e escrita. Ele era diferente de Picasso, que tinha um temperamento mais forte, do sul. Ele era um intelectual, suas pinturas são muito serenas e diretas.

swissinfo: Qual a importância do período que Klee viveu na Alemanha para o seu desenvolvimento artístico?

A.K: A Alemanha foi muito importante. No início da carreira, ele podia optar entre a Escola de Arte de Munique e a de Paris. Ele optou pela de Munique. A Alemanha estava mais próxima do seu modo de pensar. Como professor na Bauhaus, ele pôde pôr em prática as suas idéias. Ele via o trabalho como uma maneira intelectual de construir algo.

Klee era com certeza um pintor suíço. Ele nunca falou alemão clássico muito bem, sempre manteve um sotaque bernês. Recentemente fiquei sabendo que ele conversava em dialeto suíço com um colega suíço da Bauhaus para que ninguém os pudesse entender.

O fato de não ser cidadão suíço não representava, a princípio, nenhum problema para ele. Só depois, com a expansão do nazismo na Alemanha, ele passou a ter dificuldades. O primeiro membro da família Klee a obter a cidadania suíça foi meu pai, e só nos anos 60. Eu então herdei a cidadania automaticamente.

swissinfo, Faryal Mirza
tradução de Fabiana Macchi

Breves

Alexander Klee nasceu na Bulgária em 1940. No mesmo ano faleceu seu avô.

Seu pai Felix, o filho único de Paul Klee, foi diretor de ópera e a mãe cantora.

Como seu avô, Alexander também é artísta plástico e ainda trabalha como fotógrafo.

Ele colocou a pedra fundamental na construção do Centro Paul Klee em Berna e é um dos autores da iniciativa.

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