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Medicina natural para o Brasil

Christine e Jean-Pierre Brandt durante o Fórum Social em Porto Alegre. swissinfo.ch

Jean-Pierre Brandt e a esposa compraram um terreno no sul do Brasil. Lá o casal pretende criar um centro de medicina natural.

Este conteúdo foi publicado em 09. março 2005 minutos

swissinfo conta a história de um suíço que já exerceu muitas profissões e cruzou todo o continente americano para realizar um sonho de vida.

O encontro ocorreu por acaso, no Fórum Social em Porto Alegre. Christine e Jean-Pierre se juntaram a delegação suíça durante o encontro com representantes do movimento rural de mulheres do Nordeste brasileiro. Na primeira conversa, descobrimos que ele também era suíço.

Jean-Pierre contou um pouco sobre suas diversas viagens, os novos projetos no Brasil e sobre o interesse da esposa em plantas medicinais. A história do casal me pareceu tão interessante, que lhe convenci a marcar um encontro em Porto Alegre, onde batemos um longo papo.

Da região do Jura até o Equador

- Nasci em 1942 em Reconvilliers, na região do Jura do cantão de Berna. Você se lembra da grave na fundição Swissmetal? Vi na televisão argentina uma reportagem sobre o tema. Agora eu conto um segredo: meu avô foi um dos fundadores da fundição – conta Jean-Pierre um pouco da sua história.

Seu pai trabalhava na indústria relojoeira. Ele próprio fez um curso técnico em Genebra para se tornar ourives. Porém, naquela época, o jovem considerava a Suíça pequena e conservadora. "Eu precisava estender meus horizontes".

Assim ele aceitou o convite de um colega de escola para ir ao Equador. "A viagem deveria durar três meses, mas acabou se transformando em três anos". No país ele trabalhou como fotógrafo, arquiteto de interior e foi também empregado de bar. Juntamente com um agrônomo da Austrália, Jean-Pierre ainda passou três meses na região do Amazonas.

Gaiola de ouro

Posteriormente Jean-Pierre viajou em direção ao norte. O objetivo era o Quebec, no Canadá. Em Miami ele pegou um ônibus e viajou para San Francisco. "Era é época da revolta de 68 na Universidade de Berkley, onde o movimento pelos direitos civis estava se estabelecendo".

Jean-Pierre acabou passando dois anos na Califórnia, sustentando-se graças a um emprego como ourives nas joalherias Tiffany. Depois ele decidiu retornar à Suíça. "Trabalhei alguns anos como designer de jóias em Bienne. O salário era maravilhoso, mas o emprego era entediante. Era como se fosse uma gaiola de ouro".

A vontade de viajar acabou falando mais alto. "Dessa vez eu fui para o Caribe". Por acaso ele descobriu um emprego num navio que ia para Martinica através de um anúncio de jornal. "Na época eu me convenci de que ter uma visão já é suficiente: se ela existe, um poder superior nos ajuda a realizá-la".

Medicina natural

A viagem durou um ano. Depois Jean-Pierre retornou à Califórnia. "Eu abri em Carmel uma joalheria, onde durante dezessete anos fui muito bem sucedido. Porém uma doença mudou completamente a minha vida".

O suíço aprendeu então os segredos da massagem, métodos naturais de cura e começou a interessar-se por nutrição. Nessa época ele conheceu Christine, uma alemã que também havia abandonado a Europa nos anos 70 para descobrir novas fronteiras num clima mais agradável.

Depois de um acidente de equitação, Christine havia aprendido acupuntura com uma freira coreana e medicina natural. Seu objetivo era saber como curar o corpo e o espírito. Ela estudou os livros e virou professora. Durante os cursos dados a Jean-Pierre, acabou tornando-se sua esposa.

Em direção ao sul

Dezessete anos passam e os dois acabam se convencendo que a também a Califórnia havia se modificado. "A procura por liberdade nos levou e acabou nos tirando de lá". Para Christine e Jean-Pierre começou mais uma odisséia.

Em 1996 o casal vendeu sua casa na Califórnia e decidiu ir para a Guatemala, onde os dois se tornaram voluntários de uma O.N.G. de defesa dos direitos humanos. Nos anos seguintes eles viajaram pela América Central e Europa, retornando à Califórnia por um curto espaço de tempo. "Lá tivemos a certeza de que não havia mais razão de continuar vivendo no lugar".

Foi quando Christine e Jean-Pierre descobriram o Brasil. Nesse caso também foi obra do acaso: através de uma reportagem eles descobriram o curandeiro João de Deus, que vivia em Abadiânia na região central do Brasil. Em novembro de 2003 eles chegaram no país e permaneceram oito meses. "Nesse período juntamos material para escrever um livro sobre cura natural".

Nova vida

Como não tinha visto para viver no Brasil, o casal foi obrigado a abandonar o país. Eles foram então para a Europa e passaram pela Califórnia, Bolívia, Argentina, até chegar no Uruguai. No final, retornaram ao Brasil.

No Rio Grande do Sul, Christine e Jean-Pierre conheceram Rafinha que, dentro do movimento rural de mulheres, havia criado diversas das chamadas "farmácias do campo". O programa teve o mérito de colocar em voga a medicina natural. O casal terminou comprando de Rafinha um terreno de 4,5 hectares no norte do estado e algumas construções num povoado chamado Maquiné.

"Lá encontramos tudo o que sempre sonhamos", conta Christine. "Até mesmo um forno para cozinhar pão, sendo que no jardim já temos oitenta tipos de plantas medicinais".

E Jean-Pierre acrescenta: - "Não podemos esquecer que somos pessoas que seguem um caminho espiritual na Terra. Se dermos espaço suficiente ao nosso espírito, iremos receber tudo o que precisamos".

swissinfo, Andrea Tognina
tradução de Alexander Thoele

Fatos

Em 2003 viviam mais de 13 mil suíços no Brasil.

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Breves

A viagem pela América Central marcou a vida de Christine e Jean-Pierre Brandt. Os dois descobriram o que significa a opressão para as populações locais.

"Essas experiências nos deram força para encontrar uma nova direção para nossas vidas. Nós decidimos colaborar para resolver esses problemas".

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