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Leis do asilo e dos estrangeiros serão mais severas

A Suíça terá uma das políticas de asilo mais restritivas da Europa. Keystone

A nova lei dos estrangeiros e a revisão da lei sobre o asilo foram aprovadas por 68% dos votos. Em outra votação federal, os eleitores rejeitaram por 58% uma iniciativa de financiamento da aposentadoria mínima AVS, com lucros do Banco Central.

Este conteúdo foi publicado em 24. setembro 2006 minutos

As três regiões linguísticas votaram as três questões de maneira mais ou menos uniforme.

A vida dos requerentes de asilo e dos estrangeiros ficará mais difícil na Suíça. Os eleitores em todos os cantões votaram a favor da nova lei dos estrangeiros e da revisão da lei sobre o asilo político, ambas mais restritivas.

Essas duas leis, elaboradas pelo governo e aprovadas pelo Parlamento, foram aprovadas em voto popular por 68% dos eleitores que compareceram às urnas. Os partidos de esquerda, que recolheram as assinaturas necessárias para forçar o referendo, combatiam essas leis e foram, portanto, derrotados.

Na Suíça, onde vigora o princípio da democracia direta e não apenas parlamentar, os eleitores votam questões importantes e não somente para eleger seus representantes. Em caso de referendo, é exigida apenas a maioria de votos.

Outra votação federal de domingo era uma iniciativa popular - também dos partidos de esquerda - que propunha refinanciar o sistema de aposentadoria mínima (AVS), com lucros do Banco Nacional (BNS), o banco central suíço.

Essa iniciativa - chamada COSA - foi rejeitada por 58% dos votos, embora tenha sido aprovada nos cantões de Genebra, Ticino e Basiléia. Contrariamente ao referendo, a iniciativa precisa de dupla maioria para ser aprovada: de votos e dos Cantões (estados ou províncias).

Cosa foi a 146a iniciativa rejeitada em votações federais desde 1891, quando esse direito político foi introduzido. Desde então, 161 iniciativas federais foram submetidas ao voto e apenas 15 (9,3%) foram aprovadas.

Nos últimos anos, três iniciativas populares foram aprovadas: a adesão da Suíça à ONU (março de 2002), internamento hospital perpétuo para delinqüentes muito perigosos (fevereiro de 2004) e uma moratória das OGM - manipulações genéticas de plantas (novembro de 2005).

A lei dos estrangeiros

A nova lei dos estrangeiros, contra a qual o referendo foi lançado, pretende regulamentar o estatuto jurídico os estrangeiros, simplificando os procedimentos. Quer ainda combater de maneira mais eficaz os abusos.

Nada muda para os cidadãos da União Européia (UE) e da Associação Européia de Livre Comércio (AELE), da qual a Suíça é membro. Eles são regulados por acordos bilaterais que a Suíça tem com esses dois blocos de países.

Os demais estrangeiros, visados pela nova lei, terão regras muito mais estritas do que os cidadãos da UE e da AELE. A lei precisa que para exercer uma atividade assalariada, os estrangeiro deve atender aos interesses econômicos da Suíça.

A lei prevê ainda procedimentos simplificados para os estrangeiros que já têm emprego na Suíça, legalmente. Eles poderão mudar de profissão e mudar-se de um cantão para outro, se surgir uma nova oportunidade de trabalho.

A lei dá também uma base jurídica para as autoridades coibirem certos abusos como casamentos brancos, trabalho clandestino e estadia ilegal.

Revisão da lei do asilo

Um referendo popular também foi lançado peos paridos de esquerda contra a revisão da lei do asilo. A lei introduzirá várias restrições adotas pelo governo e pelo Parlamento para combater, oficialmente, de maneira mais efiçaz certos abusos em matéria de asilo.

Segundo as autoridades, a tradição humanitária da Suíça não será afetada. Os autores do referendo discordavam denunciando um ambiente cada vez mais hostil aos refugiados e violações de tratados internacionais assinados pela Suíça.

Como a lei aprovada, os requerentes de asilo que se apresentarão na fronteira suíça sem seus papéis de identidade, serão proibidos de entrar no país.

Outras medidas previstas: a supressão da ajuda social aos requerentes de asilo que tiveram seus pedidos negados (eles receberão apenas uma ajuda de urgência), e a possibilidade de prender os requerentes de asilo recusados por até dois anos enquanto aguardam a expulsão.

Em alguns casos, a lei facilita a vida dos refugiados admitidos provisoriamente com autorizações de trabalho ou possibilidade de trazer as famílias.

Iniciativa COSA

A iniciativa popular "lucros do Banco Central para a AVS", lançada pelo Comitê pela Sugurança da AVS (COSA), queria uma outra repartição dos lucros do Banco Central, para saner a aposentadoria mínima até 2015.

Nesse caso havia confronto com as administrações cantonais, quer perderiam parte dos recursos que recebem, por lei, do Banco Central (BNS).

A iniciativa era combatida pelo governo federal, pelos governos cantonais (estaduais) que, no entanto, prometem, em outro projeto, colocar 7 bilhões de francos (produto da venda de excedentes das reservas de ouro do BNS), para sanear a AVS.

swissinfo

Fatos

Nova lei dos estrangeiros: aceita por 68% dos votos
Révisão restritiva da lei do asilo: aprovada por 68% dos votos
Iniciative COSA sobre a aposentadoria: rejeitada por 58% dos votos
Participação: 48%

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Breves

Domingo, 24 de setembro, os eleitores suíços foram chamados à urnas para três votações federais.

A nova lei dos estrangeiros e a revisão da lei do asilo tinham o apoio do governo e do Parlamento mas foram atacadas por dos referendos populares lançados por partidos de esquerda.

Na terceira questão, um comitê de esquerda lançou uma iniciativa constitucional que previa a atribuição de parte dos lucros do Centro Central Suíço (BNS) para o financiamento do seguro velhice e sobreviventes (AVS) - sistema de aposentaria mínima.

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Maiorias necessárias

Os dois referendos sobre as leis do asilo e dos estrangeiros requeriam uma maioria do povo.

A iniciativa popular de financiamento da aposentaria mímina (AVS) exigia dupla maioria, dos votos e dos cantões, porque seria necessária uma emenda constitucional.

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