Justiça descobriu esquema de corrupção na Rússia
A justiça de Genebra desvendou como e a quem a construtora Mercata, instalada na Suíça de língua italiana, pagou 62 milhões de dólares de comissões para obter um contrato de 492 milhões de dólares no Kremlin, sede do governo russo.
Mais de 25,6 milhões de dólares foram para o ex-intendente do Kremlin Pavel Borodine e sua família, 11 milhões foram parar na conta do patrão da construtora Mercata, Victor Stolpovskikh, 11 milhões para o casal Bondarenko e 7 milhões para Vitali Machitski
Nos documentos enviados dia 10 de julho, através de comissão rogatória, ao procurador geral da Rússia, o juiz genebrino Daniel Devaud revela quem foram os beneficiários das comissões ilegais pagas pela construtora suíça Mercata a altos funcionários da administração russa.
O juiz Devaud investiga as contas da Mercata, de Lugano, sul da Suíça, desde abril de 1999 e as comissões que passaram por bancos suíços são relativas a dois contratos num total de 492 milhões de dólares para a reforma e restauração em dependências do Kremlin.
O documento do juiz Devaud enviado a Moscou, que Swissinfo obteve uma cópia, expica em 12 páginas o esquema de corrupção para ganhar o contrato. O dono da Mercata, Victor Stolpovskikh é o pião do esquema e as comissões foram pagas pela empresa Lightstar, controlada por ele. Depois o dinheiro passava por empresas em Chipre, Bahamas, Lichtenstein, Panamá e Ilhas Virgens. Todas essas empresas eram registradas em nome de pessoas próximas da antiga administração russa do tempo do presidente Yeltsin.
A maior parte das transações transitava por bancos suíços, especialmente a SBS (que se fundiu com o UBS) e o banco Camondo, em Genebra, o Banco do Gotardo e o banco Adamas, em Lugano e o UBS de Zurique. O banco United Overseas de Nassau e o banco Hofmann também estiveram envolvidos.
O inquérito por lavagem de dinheiro e participação de organização criminosa envolve 14 pessoas, entre elas um gerente de fortunas e um advogado residentes na Suíça. Todos são acusados de terem montado um esquema para camuflar o dinheiro mas eles rejeitam as acusações.
Para concluir as investigações, o juíz Devaud pediu mais informações às autoridades russas mas ainda não obteve resposta.
Luigino Canal

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