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Imigração volta a ser alvo de atenção

Francis Mathey apresentou o relatório da comissão na segunda-feira (23/05). Keystone

O impacto da imigração sobre o meio ambiente e a qualidade de vida na Suíça se tornou tema de debate político, há cinco meses das eleições legislativas federais.

Este conteúdo foi publicado em 24. maio 2011 minutos
Julia Slater, swissinfo.ch

Para a Comissão Federal sobre Assuntos Migratórios (EKM, na sigla em alemão) o enfoque está completamente errado.

Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (23/05) para apresentar as atividades de 2010, o presidente da comissão sobre Assintos Migratórios, Francis Matthey, defendeu que os diversos desafios enfrentados pela Suíça atualmente sejam abordados "pelas áreas políticas a que pertencem".

"O que estamos dizendo em voz alta e clara é que os problemas como os de transporte e meio ambiente não devem ser relacionados exclusivamente aos imigrantes", declara.

Seu apelo sai no mesmo dia em que o Partido do Povo Suíça (SVP, na sigla em alemão) anunciou o lançamento de uma iniciativa popular (proposta de modificação de lei através de plebiscito, concretizada após o recolhimento de 100 mil assinaturas) para pedir a introdução de um limite máximo e quotas para os estrangeiros com direito de residência.

A Associação de Meio Ambiente e População (Ecopop) já lançou uma iniciativa intitulada "Contra a superpopulação para garantir os recursos naturais". Ela exige que o crescimento populacional anual - atualmente na base média de 1,3% - seja limitado a 0,2%. Ecopop também afirma que a iniciativa não se destina a estrangeiros, mas contra a superpopulação no planeta Terra em geral. "Para nós o que interessa é a densidade populacional, não importando de onde as pessoas vêm", explica o site na internet.

E no final de 2009, dois membros do Partido Verde da Suíça publicaram um estudo controverso alertando sobre os perigos da superpopulação para o meio ambiente, apesar de não mencionar expressamente estrangeiros. De fato, um dos seus autores, Bastien Girod, declarou ao jornal Le Matin que, em sua opinião, o problema também seria solucionado se mais pessoas emigrassem.

Carência de imigrantes 

"Um certo número de políticos neste país atribuem as dificuldades à população estrangeira. Na comissão, parte do nosso papel não é tentar contradizer, mas explicar, se possível, como os fatos realmente são. E os fatos dizem que temos um país com aspirações de ter uma economia de alto nível e uma população suíça que não está crescendo há muitos anos. Seu crescimento só ocorre graças à imigração", declara Matthey.

Seu relatório apontou que não apenas grandes companhias estão à procura de mão-de-obra especializada no exterior. Cerca de 80% das pequenas e médias têm atualmente dificuldade em recrutar os especialistas que necessitam.

A EKM reconhece que o crescimento traz problemas, mas estes devem ser abordados dentro do contexto das políticas de planejamento, infraestrutura, transporte e habitação. O estudo ressalta que a Suíça se beneficia das contribuições realizadas pelos trabalhadores estrangeiros ao sistema de seguridade social.

"O Ministério do Interior calculou que se não fossem os imigrantes, o caixa da previdência já estaria em déficit desde 1992", escreve. "A imigração também compensa o processo de envelhecimento da população", embora admita que, a longo prazo, ela não será suficiente e clama por novos caminhos para assegurar o financiamento do sistema de seguridade social.

"Trabalhadores não qualificados são necessários para funções que suíços não podem ou mão querem exercer", lembrou Matthey. Embora esse grupo seja o que mais tem problemas para ser aceito na sociedade, esses trabalhadores contribuem para o sistema de bem-estar na Suíça em áreas como hospitais, hotelaria e agricultura. 

"E se você for diz que eles devem partir, ou que um certo número deve ser cortado, então você precisa saber quem irá substituí-los", diz. "O que a Suíça quer ser nos próximos dez ou vinte anos? Essas são questões reais precisam ser colocadas."

História de sucesso 

Ele está convencido que a Suíça é um modelo de sucesso em comparação com os países vizinhos no que diz respeito à integração de estrangeiros. "Obviamente existem aqueles que não se adaptam aos nossos padrões, mas a grande maioria dos imigrantes aceita os valores deste país, eles trabalham, suas crianças vão à escola e nós acreditamos que a sua integração é muito bem-sucedida", afirma.

Enquanto a atenção até agora tem sido amplamente focada na integração de imigrantes que vivem nas cidades, se tornou evidente nos últimos anos que muitos deles - como muitos habitantes nativos - afastaram-se das áreas urbanas em direção aos subúrbios, que não mantém o seu caráter rural.

Em 2008, a comissão lançou um programa intitulado "Periurbano" para promover também a integração de estrangeiros nessas áreas. Ela tem apoiado cinco regiões que vieram com propostas para promover a coexistência entre os diferentes grupos populacionais.

A diretora da comissão, Simone Prodolliet, explica que, embora o projeto ainda esteja na sua fase inicial, ele criou uma consciência crescente nas regiões atingidas: para resolver os problemas, é necessário o envolvimento de toda a população local.

"Outro importante sucesso foi o fato de que diferentes atores de várias áreas - planejamento urbano, assistência social e outras - trabalharam em conjunto para encontrar pontos em comum." O projeto agora está sendo ampliado para que outras regiões possam ser convidadas a apresentar propostas à comissão.

Periurbana

 A Comissão Federal sobre Assuntos Migratórios, lançou o projeto "Periurbana" em 2008.

A fase inicial envolveu cinco regiões:

Rheintal (St. Gallen)

Freiamt (Aargau)

Cantão de Glarus

La Broye (cantão de Friburgo e Vaud)

Le Chablais (cantão de Vaud e Valais)

Os objetivos foram os seguintes:

- contribuir  para o desenvolvimento regional

- ajudar a melhorar a coexistência

- reunir pessoas de diferentes origens

- incentivar a participação da população local

- conscientizar sobre o trabalho de integração

- encontrar novas maneiras de realizar o trabalho de integração

- estimular políticas sustentáveis ​​de integração local

 Para a segunda fase do projeto, mais 15 regiões foram convidados a se inscrever no trabalho de integração conduzido pela comissão.

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