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Filmes suíços estiveram em Berlim, inclusive "Auto Psi", rodado em São Paulo

Exibição de "Pas Douce", da suíça Jeanne Waltz, no Colosseum de Berlim. swissinfo.ch

Termina domingo a 57ª edição do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, um dos festivais mais importantes da Europa e o maior do mundo em termos de público.

Este conteúdo foi publicado em 18. fevereiro 2007 minutos

22 filmes de diversos países concorrem aos Ursos de Ouro e Prata. A Suíça participa do programa oficial com dois documentários e três filmes de ficção, além de outros filmes mostrados em diversos espaços culturais da capital alemã. Entre esses o documentário de Michel Favre e Fabiana de Barros realizado em São Paulo - "Ouvindo Imagens". Trata-se de um laboratório artístico onde passageiros contam estórias dentro de um táxi batizado de "Auto Psi".

Com voz trêmula, a diretora suíça Jeanne Waltz, residente em Portugal, respondeu às perguntas do público a respeito de seu primeiro filme de ficção "Pas douce", apresentado na sala do histórico cinema berlinense Colosseum.

O longa-metragem é um drama amoroso encenado na fronteira da Suíça com a França, onde descentes de migrantes portugueses atuaram como atores coadjuvantes com a jovem atriz francesa Isilde Le Besco.

O outro longa-metragem é "I Was A Swiss Banker", de Thomas Imbach. É uma espécie de conto de fadas moderno em que um jovem bancário é flagrado na fronteira ao tentar contrabandear dinheiro de seus clientes. Para fugir da polícia, ele mergulha em um lago onde é salvo por uma sereia. Uma dramaturgia marcada por diversas paisagens idílicas da Suíça e cantos de sereia.

Os Documentários

"Heimatklänge" (sem título em português), do diretor Stefan Schwietert, que vive em Berlim, mostra a tradição da música folclórica suíça redescoberta e valorizada pelas novas gerações.

- Muitas vezes a mídia deixou uma impressão errada do folclore suíço, onde ele ficou associado ao kitsch. Na Suíça existe uma jovem geração que redescobriu a música folclórica através de suas raízes e passou a valorizá-la. É essa nova descoberta de identidade que eu apresento, tendo como proposta uma representação poética do tema. A busca da música e através dela a busca dos segredos da voz humana, afirma o diretor.

Quando tinha 20 anos, Schwietert morou quase um ano no Brasil. Foi viver em São Paulo a fim de obter contato pessoal com uma trupe brasileira que havia feito uma tournée pela Europa apresentando Macunaíma. Trabalhou então por seis meses como consultor no departamento musical da Rede Globo.

- No final da década de 70, começo da década de 80, houve um movimento político na Suíça onde os jovens reivindicavam mais espaço na sociedade, mais atividades alternativas. Nessa época eu organizei vários concertos Pank e New Wave, além de ser membro em uma cooperativa sindical para produtores autônomos de vídeo. Era a democratização do filme com o surgimento do VHS, um formato de câmara portátil. Esse "know how" me ajudou a conseguir o emprego na Globo e foi uma época bastante interessante", explica.

O filme que o lançou definitivamente no mercado foi o documentário "A Tickle in the Heart" (1996), sem título em português, onde documentou três irmãos músicos, um dos últimos remanescentes judeus que tocavam música Klezmer.

"Chrigu" é outro suíço

"Chrigu", de autoria dos jovens diretores Christian Ziörjen (Chrigu) e Jan Gassmann, é um filme incomum. Caracterizado por sua leveza, apesar do tema dramático, o documentário mostra a trajetória de morte de um de seus diretores, Christian Ziörjen, que aos 21 anos descobriu ter um tumor maligno no cérebro que não podia mais ser operado. A documentação foi iniciada por ele, mas em um estado avançado da doença, devido ao efeito dos medicamentos, não teve mais condições físicas de prosseguir o trabalho. Ele foi conclídoo por seu melhor amigo, também cineasta, Jan Gassmann. Chrigu morreu durante a filmagem.

"Ouvindo Imagens"

"Ouvindo Imagens" é de autoria do suíço Michel Favre e da artista suíço-brasileira Fabiana de Barros. Ambos vivem em Genebra.

O documentário foi feito a partir de um projeto artístico de Fabiana que, juntamente com o SESC de São Paulo (Serviço Social do Comércio – instituição brasileira de caráter social e educativo), mostrava imagens de um teste psicológico dentro de um táxi na capital paulista.

Durante o trajeto do SESC para casa, o pagamento da carona era contar histórias a partir dessas imagens, que não vemos e foram selecionadas a partir do teste criado por um terapeuta americano há algumas décadas.

Os diálogos foram transmitidos pela Rádio Eldorado AM.

- As histórias contadas são todas singulares e falam tanto de seus autores quanto da cidade que se descortina no pano de fundo. Na procura de cenários que se adequam às histórias contadas no táxi, levo o expectador a um roteiro selvagem da cidade, composto de situações excêntricas e problemas reais, parte realidade e parte sonho daqueles que encontramos no caminho", afirma o diretor.

- O filme é composto de diferentes camadas que o transformam em uma experiência única, sensível e emocional, despojada dos temas impostos ao documentário clássico, completa Fabiana.

Esta não é a primeira produção que Michael e Fabiana realizam no Brasil. O casal, que se conheceu em 1992 em Genebra, já realizou diversos projetos culturais de intercâmbio com artistas suíços e brasileiros.

O primeiro foi um projeto realizado em três museus de arte de São Paulo durante a Bienal de 1994, com a participação de outros 17 artistas suíços. Em 1997 Fabiana idealizou o Fiteiro Cultural, um quiosque cultural em João Pessoa com a participação de diversos artistas e da população. O projeto deu bons resultados e foi repetido em São Paulo, na Suíça, Nova York, Havana, Armênia e Grécia.

O filme será exibido em Genebra no cinema "Les Scala" entre 12 – 18 de março. Durante este período o laboratório do "Auto Psi" circulará pela cidade entrevistando pessoas durante a semana de eventos organizada pelo setor cultural do Hospital Universitário de Genebra.

swissinfo, Gleice Mere, Berlim

Histórico do Festival

O Festival de Cinema de Berlim foi criado em 1950, mas a primeira edição só foi realizada em 1951, seis anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, tornando-se um símbolo da "liberdade" da Alemanha Ocidental e recebendo atores e cineastas de 18 países.

A partir de meados da década de 60 houve um período de estagnação. Em 1970 uma manifestação pública foi realizada em decorrência de um filme sobre o Vietnam. Em 1971 o Fórum Internacional do Cinema Novo foi estabelecido, apesar da competição tradicional. Já em 1974 foi trazido ao festival o primeiro filme soviético.

Com as mudanças políticas ocorridas no período, o Festival de Berlim passou a ser visto como um espelho da produção cinematográfica internacional. A reunificação das Alemanhas fez do festival um mediador político e cultural mais forte entre o Ocidente e o Oriente.

Quatro diretores tiverem bastante importância no Festival. Alfred Bauer, o fundador; Wolf Donner, que introduziu diversas modificações; Ulrich Gregor e Moritz de Hadeln.

Quanto às estatuetas entregues aos premiados, foram idealizadas e produzidas por Renée Sintenis, que ficou famoso pelas suas esculturas retratando animais. O primeiro modelo da estatueta foi feito em 1932 e foi usado até 1959. Em 1961 foram feitas algumas modificações nas estatuetas.

O Brasil também já marcou presença em diversos momentos no festival. Primeiro com "Sinhá Moça", am 1954, com o Prêmio Especial do Senado de Berlim. Em 1978 foi a vez de "A queda", de Ruy Guerra, levar o Urso de Prata. As mais recentes premiações foram obtidas em 1998. O filme "Central do Brasil", de Walter Salles trouxe o Urso de Ouro e a atriz Fernanda Montenegro, o Urso de Prata pela sua comovente atuação no filme. (Fonte: webcine.com.br)

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