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Euro revela preços exagerados na Suíça

Situação resultante do peso dos cartéis no país Keystone

Os preços na Suíça são 25% mais altos que nos países vizinhos revela novo estudo. Segundo a OCDE, a diferença é ainda maior neste país que considera um "paraíso dos cartéis". Mas a situação deve mudar.

Este conteúdo foi publicado em 11. janeiro 2002 minutos

A chegada do euro em 12 dos 15 países da União Européia, em primeiro de janeiro, facilita a comparação de preços pelos consumidores e mostra que na Suíça muitos produtos podem custar bem mais caro que na Eurolândia.

A OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico - indicava em seu último relatório sobre a Suíça que a margem de diferença de preços no país gira em torno de 30%. Estudos realizados na própria Suíça confirmam que os consumidores suíços pagam mais pelo que compram que seus vizinhos da Áustria, Itália, França e Alemanha.

Discrepâncias

As diferenças de preços seriam particularmente flagrantes no setor de perfumes, sorvetes, livros e aparelhos domésticos.

Estudo da Universidade de Zurique mostra que aparelhos eletrônicos e domésticos podem custar até 50 por cento mais caro na Suíça que na Alemanha. Um exemplo: uma máquina fotográfica digital (da marca Sony) é vendida por 1.770 euros na Alemanha e 2.350 euros na Suíça.

Essas constatações não surpreendem a Fundação Suíça para a Proteção dos Consumidores. A diretora da entidade, Jacqueline Bachmann, lembrou que estudos realizados pela Fundação já haviam verificado tais discrepâncias. Acrescenta que em certos casos "os preços variam de até 200%".

salários não são justificativa

A fama de país caro persegue a Suíça há várias décadas, o que nem sempre é verdade. O preço alto dos produtos é às vezes justificado pelo nível de salários, acima da média.

Jacqueline Bachmann estima que não se pode justificar os preços pelos salários pagos: "Na Alemanha os trabalhadores são mais bem pagos por hora que na Suíça. Alem disso, a semana de trabalho no país é mais curta e os custos sociais mais elevados".

Segundo estudo da Universidade de St.Gallen, nordeste suíço, se unicamente os salários definissem os preços, estes deviam ser cerca de 10 por cento mais baixos na Suíça que na Alemanha.

Culpa dos cartéis

A OCDE denuncia a Suíça como "paraíso dos cartéis", e estudos têm confirmado de fato acerto entre fornecedores e os intermédiários, em particular atacadistas, no estebelecimento de preços. Confirmam também o fato de os fornecedores impedirem aos varejistas se abastecerem em outras empresas. Essa situação reina em particular entre as multinacionais que tem exclusividade para escoar produtos na Suíça.

Isso seria impossível se a Suíça fosse membro da União Européia, pois a Comissão Européia tem regulamentos severos para impedir tais práticas.

Pressões

A chegada do euro, a maior facilidade de comparar preços entre a Suíça e os países vizinhos e ainda a tomada de consciência do consumidor suíço de que paga mais caro por produtos idênticos são fatores que podem levar a uma mudança.

Neste início de ano, a entidade do governo que se ocupa da concorrência - Comissão da Concorrência (Comco) - parece estar em condições de fortalecer um pouco seus debilitados músculos, na luta contra acertos cartelares.

Na quinta-feira, 10/01, a Comco definiu o quadro e condições para denunciar as práticas existentes no estabelecimento de preços. É de esperar que isso influencie os trabalhos do Parlamento sobre introdução de sanções em futura lei sobre cartéis.

Suíça, 2° país mais caro do mundo

Enquanto isso, índice comparativo de preços (jornal Le TEmps, de Genebra, edição de 11/01, p. 17) coloca a Suíça entre o país mais caro do mundo, depois do Japão. O índice leva em consideração o poder aquisitivo e a taxa de câmbio.

Noruega, Dinamarca e Suécia figuram respectivament em 3°, 4° e 5° lugares, antes da Finlândia, Grã-Bretanha, Alemanha, França e Áustria. Portugal está em 22a. posição.

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