Cinco coisas que um denunciante tem a dizer sobre os paraísos fiscais
Após a publicação do vazamento de milhões de documentos no domingo dos "Panama Papers", o denunciante público Rudolf Elmer conversou com o jornalista Roger Schawinski, da Televisão Pública Suíça (SRF) sobre sigilo, responsabilidade e ganância.
- Español Lo que un “delator” dice sobre los paraísos fiscales
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- عربي خمسُ حقائق يُفصح عنها المُبلّغون عن الملاذات الضريبية
- Français Cinq choses qu’un lanceur d’alerte a à dire sur les paradis fiscaux
- English Five things a whistleblower has to say about tax havens (original)
- 日本語 「パナマ文書」スキャンダル、元告発者が経験を告白
- Italiano Cinque cose che un whistleblower dice sui paradisi fiscali
"O escândalo dos Panama Papers não irá acabar com os paraísos fiscais"
Onze milhões de documentos revelando as atividades bancárias offshore do escritório de advocacia Mossack Fonseca mostram que diversos bancos suíços (Credit Suisse Channel Islands Ltd., HSBC Private Bank Suisse, UBS AG) e advogados suíços têm um papel importante nos negócios.
Elmer: "Os paraísos fiscais não estão certamente morrendo. Essas práticas irão continuar, se tornando até mesmo mais lucrativas", afirmou Elmer. O ex-banqueiro considera inverossímil o conceito de um padrão universal de transparência, "enquanto os países do G7 ou as Nações Unidas não estiverem por trás dele".
"Nem todas as empresas offshore são criadas para negócios escusos"
Empresas offshore são utilizadas para a lavagem de dinheiro, transferência de fundos ligados ao terrorismo, proteção de identidade, escapar de sanções e evasão fiscal.
"Eu posso entender que alguém na Rússia queira levar seu dinheiro para a Suíça se existe o risco do seu confisco. Eles querem colocar o dinheiro em qualquer lugar que seja politicamente estável. Esses são motivos legítimos."
"Whistleblowers (denunciantes) têm muitas razões para vazar informações"
Rudolf Elmer furtou um disco rígido contendo informações sobre os negócios offshore de sua empresa. Após avaliar os dados, descobriu que continha informações sobre atividades altamente ilegais. Posteriormente publicou um livro e foi tema também de um filme.
Elmer: "Se você está pedindo dinheiro, isso pode ser um motivo. Quando percebi que tipo de clientes criminoso com que lidávamos, eu perdi minha confiança em todo o sistema."
"A corrupção pode passar despercebida dentro de uma companhia"
Parte do problema é que todo mundo tem apenas uma peça do quebra-cabeça. De acordo com Elmer, ele não tinha consciência do que estava ocorrendo em sua empresa. Ele era encarregado das atividades bancárias, compliance (n.r.:cumprimento das normas legais e regulamentares), mas não dos títulos. As regras da sua empresa "pareciam perfeitas! Porém a realidade era outra.
"Do lado da empresa, eu pensava que a chefia em Zurique ou em Nova Iorque é que tomava as decisões. Neles posso confiar. Confiança? Quando eu estava internado no hospital e avaliei dos dados que confiava - não!"
"Questões de ética são tão importantes como a responsabilidade profissional"
Corrupção existe por todos os lados, afirma Elmer. "Você pode encontrar corruptos na Alemanha ou na Suíça."
"Em algum ponto você tem responsabilidade social", diz Elmer. "Como um homem, você tem que assumir e dizer: isso não é bom, e o público necessita saber. Em algum, o interesse do público está acima dos interesses de uma companhia individual."
Biografia
Rudolf Elmer foi responsável pela filial do banco Julius Baer nas Ilhas Cayman quando foi demitido em 2002. Em 2007 ele passou informações para o site WikiLeaks, acusando seu ex-empregador de práticas ilegais como criação de fundos "trust" ou outras construções bancárias para ajudar os clientes a sonegar impostos através de contas offshore.
Ele foi preso é condenado a pagar uma multa de 45 mil francos suíços e cobrir os custos do processo de 25 mil francos por um tribunal em Zurique em 2015. Os juízes alegaram que Elmer havia ferido as leis de sigilo bancário do país.
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