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As aparências enganam: a democracia ganha

O Conselho da Europa organiza em Estrasburgo o Fórum Mundial da Democracia. Council of Europe/ Cathérine Monfils

Erdogan, Hungria, populismo e eleições influenciadas. Diferentes eventos políticos recentes deram a impressão que a democracia está em declínio em todo o mundo. No entanto, novas pesquisas mostram o contrário: a maioria das pessoas querem é mais democracia. 

Este conteúdo foi publicado em 01. dezembro 2017 - 12:45
Bruno Kaufmann

Estrasburgo, cidade francesa com apenas 270 mil habitantes, se tornou capital mundial da democracia em novembro. Mais de mil participantes oriundos de 100 diferentes países participaram do Fórum Mundial da DemocraciaLink externo, umas das conferências internacionais mais importantes sobre o tema. 

Nesse ano os participantes debateram as fraquezas atuais da democracia. "Populistas dos mais diferentes blocos políticos ameaçam nossas sociedades liberais e pluralistas", afirmou logo no início do evento o secretário-geral do Conselho da Europa, Thorbjörn Jagland. Ele e outros participantes alertaram contra um "recuo da democracia", apontando para o desenvolvimento atual em países como a Turquia e a Hungria, mas também os Estados Unidos e a Grã-Bretanha.

Porém a situação da democracia está realmente tão ruim? As pessoas se interessam cada vez menos pelas condições democráticas? Três diferentes pesquisas, nunca antes realizadas nessas dimensões por cientistas e instituições de renome, mostram um outro desenvolvimento: globalmente a democracia nunca esteve tão forte e cada vez mais popular. "Temos poucas razões para estar pessimistas", ressaltou o ex-chefe de governo da Bélgica, Yves Leterme. Ele dirige desde 2014 o "Instituto Internacional de Apoio Eleitoral e Democracia" (IDEA) em Estocolmo. Trinta países são membros dessa organização, dentre os quais também a Suíça. Em Estrasburgo Leterme apresentou a primeira edição do "Global State of DemocracyLink externo", um livro anual que apresenta informações como: se em 1975 apenas 30% da população (em 46 países) viviam em regimes democráticas; em 2016 já eram 68% (em 132 países).

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Da Tunísia à Tailândia

Ainda mais extensivos são os dados do estudo intitulado "Variedades da DemocraciaLink externo - (V-Dem)-Projeto", onde a situação em mais de 180 países foi avaliada. No total, 100 especialistas estudaram 18 milhões de dados em 52 diferentes aspectos da democracia, dentre elas a aplicação de instrumentos da democracia direta e o engajamento da população civil nas questões políticas dos seus países.

O primeiro livro anual "V-Dem" mostra onde a democracia cresceu nos últimos tempos (Tunísia, Sri Lanka, Burkina Faso, Geórgia, Guiana) e onde perdeu (Tailândia, Polônia, Turquia, Brasil, Maldivas). "Não podemos falar que a democracia está recuando no mundo", afirma Staffan Lindberg, coordenador do estudo V-Dem.

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Pelo contrário, muitas pessoas desejam é ter mais democracia nos seus países: essa é a conclusão tirada pelo terceiro grande estudo sobre a democracia. O instituto PEWLink externo, dos Estados Unidos, avaliou a situação em 38 países, não incluindo nesse caso a Suíça. Os resultados são prometedores: "Mundialmente a participação política através da democracia direta encontra grande popularidade em governos representativos", diz o coordenador da pesquisa,

Richard Wike. Concretamente: 78% das pessoas entrevistadas são adeptas da democracia representativa e 66% querem participar da política através de elementos da democracia direta. No entanto, a pesquisa também mostra que muitas pessoas que vivem em sistemas não democráticos (governos através de especialistas, líderes fortes ou militares) vêm aspectos positivos neles. Das pessoas entrevistadas nesses 38 países, 23% afirmaram ser democratas convencidos; 47% apoiam a democracia, mas veem aspectos positivos em governos não democráticos. E 13% preferem países, onde não há democracia. 

Uma liberiana dá o seu voto em eleições presidenciais. Ahmaed Jallanzo


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