Conferência discute reconstrução da Ucrânia
A presença da Suíça no palco global está garantida: políticos e outros atores participam de uma conferência internacional em Lugano dedicada à reconstrução da Ucrânia. Como o país poderá ser ajudado? O que a Suíça espera alcançar?
- Deutsch Ein "Lugano"-Plan für den Wiederaufbau der Ukraine (original)
- Español Un plan "Lugano" para la reconstrucción de Ucrania
- 中文 “卢加诺”会议-重建乌克兰
- Français Un «plan Lugano» pour la reconstruction de l’Ukraine
- عربي خطة "لوغانو" لإعادة إعمار أوكرانيا
- Pусский Конференция в швейцарском Лугано и восстановление Украины
- 日本語 ウクライナ復興に向けた「ルガーノ・プラン」
Investidores russos têm capital depositado na Suíça. Este poderia (ou deveria) ser confiscado e aplicado na reconstrução da Ucrânia? A questão é debatida amplamente em nível internacional. Na Suíça a proposta já chegou ao Parlamento. Mas se uns consideram isso uma questão justiça, outros já questionam. Afinal, é o Estado de direito que está em jogo. swissinfo analisou o tema com especialistas. Sua conclusão: a expropriação atingiria duramente o centro financeiro suíço. Mas, em escala internacional, tais expropriações seriam concebíveis.
Entretanto o dinheiro necessário à reconstrução será apenas um dos pontos debatidos na conferência internacional prevista para ocorrer em Lugano entre 4 e 5 de julho. Mais importante são outras questões: quem será responsável pela reconstrução? Como será feita? O que será necessário? E quando e onde a reconstrução será feita?
O evento às margens do lago se enquadra em outros como a cúpula do G7 na Baviera, que foi seguida pela cúpula da OTAN em Madri. A lista de participantes em Lugano não será tão grande como esperava a Suíça, mas o importante é que a conferência poderá ser o sinal de partida para recuperação de um país que sofre hoje destruição em massa.
A ideia veio do presidente da Confederação Suíça. Originado deste único cantão de língua italiana da Suíça, Ignazio Cassis espera que a conferência termine com uma "Declaração de Lugano" comparável ao "Plano Marshall", o famoso acordo que delineou a reconstrução da Europa após II Guerra Mundial. Isso garantiria à cidade um lugar na história. Portanto, trata-se também de uma questão de prestígio e presença no palco da política mundial.
Para a Ucrânia, há muito mais em jogo. "É difícil falar de prioridades quando há tantas necessidades", declarou Manal Fouani, que trabalha para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Ucrânia. No artigo abaixo, ela também declara: "A primeira prioridade é acabar com a guerra". A jornalista da swissinfo.ch analisa com Fouani e outros especialistas quais são os desafios da reconstrução.
Não apenas infraestruturas como hospitais, estradas e cidades estão sendo destruídas, mas também a sociedade. E na Ucrânia, há algo que pode desencorajar os países doadores de serem generosos: o país é considerado um dos mais corruptos na Europa, segundo Transparência Internacional. Um tema que estará na mesa em Lugano.
Mas se a conferência der certo, ela será também um novo capítulo na tradição suíça dos chamados "bons ofícios". Nos últimos anos, o país alpino intensificou seus esforços para se posicionar como mediador em conflitos internacionais, tendo Genebra como centro do multilateralismo e neutralidade como garantia de imparcialidade. Porém hoje a Suíça não é tão neutra como no passado: afinal, tomou posição ao adotar diversas sanções decididas pela União Europeia, Canadá, EUA e outros países. Cassis fala de "neutralidade cooperativa".
Portanto, para a Suíça, a conferência é uma oportunidade. Por outro lado, o país dos bancos e advogados tem um ponto frágil na sua imagem. Só em Lugano vivem 300 russos, incluindo alguns oligarcas. A cidade é o centro internacional do comércio de aço russo e ucraniano.
Graças às empresas russas, Lugano arrecada anualmente até nove milhões de francos em impostos, como revelou a prefeita da cidade, Michele Foletti, à imprensa. Portanto, há perguntas legítimas. A Suíça está realmente aplicando as sanções contra a Rússia? Ela foi rápida o suficiente? Nosso editor de economia dá algumas respostas.
"Os oligarcas tiveram tempo de sobra para esclarecer suas finanças com a ajuda de conselheiros e advogados", observa. Você, leitor, leitora, participe desse debate.
Uma peculiaridade suíça chama atenção: os chamados "portos livres". O único porto internacional do país está localizado na Basiléia. O mar está mais de 200 quilômetros distante do país. Mas a Suíça tem sete portos livres e 174 entrepostos aduaneiros públicos. Neles podem ser guardadas grandes fortunas, sob controle das autoridades aduaneiras. Nossa autora explica as oportunidades que estas instalações oferecem para burlar sanções.
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Adaptação: Alexander Thoele

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