Conferência discute conflito israelo-palestino
O Ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE) organiza nesta segunda-feira, em Berna, uma conferência sobre o conflito entre israelenses e palestinos.
Um ministro, antigos responsáveis políticos e pesquisadores do Oriente Médio, Europa e Estados Unidos discutem com diplomatas suíços.
«Depois do início da segunda Infifada (insurreição de pedras), em setembro de 2000, milhares de palestinos e israelenses morreram em operações militares e atentados, a maioria civís".
A constatação do Ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE) não incita ao otimismo frente uma guerra que sequer tem nome.
No entanto, a chefe da diplomacia suíça, Micheline Calmy-Rey não perde uma ocosião de tentar reacender a chama da paz. É o caso da conferência desta segunda-feira, em Berna, capital suíça.
A diplomacia suíça quer submeter sua visão e sua atuação no Oriente Médio à sagacidade de personalidades como o americano Robert Malley, ex-conselheiro de Bill Clinton, dos ex-ministros israelenses Dan Meridor e Shulamit Aloni, do ministro palestino Qaddura Fares e de Marc Otte, representante da União Européia no processo de paz do Oriente Médio.
O direito humanitário
A conferência tem três temas. Um deles é o direito humanitário internacional. Seu cumprimimento está no centro da atuação diplomática suíça no Oriente Médio, uma tarefa imensa.
"Incontestavemente, o direito humanitário teve um recuo sem precedentes depois do início da segunda Infifada, em setembro de 2000", sublinha Pascal de Crousaz, um dos suíços que conhece melhor o Oriente Mêdio.
"As populações civis dos dois lados são tomadas como alvos pelos beligerantes", lembra o especialista. "Além disso, as multiplicação dos pontos de controle provoca atritos e abusos freqüentes, como reconheceu recentemente um relatório publicado pelo exército israelense".
Sob as bombas, o diálogo
Mas o conflito persistente não impede o lançamento de iniciativas locais de paz, segundo tema da conferência. A mais conhecida foi a Iniciativa de Genebra, apoiada financeiramente pela Suíça.
"A iniciativa de Genebra é o plano mais criativo, preciso, concluído e rasoável para resolver o conflito", afirma Pascal de Crousaz. Mas ele realça que, "a curto prazo, ela não qualquer chance de se tornar realidade porque é rejeitada pelo governo Sharon, pela oposição trabalhista e pelos Estados Unidos".
Outros projetos da sociedade civil estão se realizando como a "iniciativa voz do povo", lançada pelo israelense Ami Ayalon e pelo palestino Sari Nusseibeh, professor da Universidade Al Quds, em Jerusalém.
Algumas das personalidades presentes à conferência de Berna estão justamente implicadas nessas iniciativas. "Fazer o máximo de barulho em torno dessas idéias, estimular o debate dentro das sociedades afetadas são os melhores meios de prepara o terreno, amadurecer os espíritos para uma evolução diplomática", afrima Pascal de Crousaz.
A diplomacia é o terceiro tema da conferência organizada pelo DFAE.
Pouca margem de manobra
A conferência de Berna ocorre num contexto bem particular, lembra o especialista suíço: "a adoção pelo governo israelense do plano de retirada da Faixa de Gaza, a ser concluida no ano que vem, é uma primeira etapa positiva".
"A condição, conclui o especialista suíço, que a comunidade internacional exera pressões para que o plano apoiado por Estados Unidos, Rússia, União Européia e ONU seja cumprido integralmente".
swissinfo, Frédéric Burnand à Genève
tradução, Claudinê Gonçalves
Fatos
A Suíça apoia a solução de dois Estados (criação de um Estado palestino) prevista pelo plano dos Estados Unidos.
A Suíça pede a retirada de Israel dos territórios ocupados.
Ela incita as duas partes em conflito a respeitarem o direito internacional humanitário.
Breves
- A Suíça dá apoio financeiro e logístico à Iniciativa de Genebra.
- Colabora com Ongs israelenses e palestinas que estimular o diálogo.
- Financia organizações internacionais que fornecem ajuda humanitária ao Oriente Médio.

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