Executivos marcam presença em escola suíça de negócios
Sétima maior economia do mundo, 200 milhões de consumidores e uma série de desafios estruturais, o Brasil tem muito a aprender assim como a ensinar ao mundo. E é justamente por isso que o número de executivos brasileiros em busca de uma formação internacional de primeira linha aumenta a cada ano. Em Lausanne, na reconhecida escola de negócios IMDLink externo, a história não é diferente.
Atualmente, oito executivos brasileiros (6 homens e 2 mulheres) compõem uma turma de 90 alunos de MBA (Master in Business Administration) da escola. Um número recorde. A princípio, pode parecer pouco. Mas não é. A escola privilegia a diversidade em suas turmas e, por isso, no grupo de 90 alunos deste ano estão representadas 40 nacionalidades diferentes.
“Procuramos montar a melhor combinação possível de nacionalidades, culturas, línguas, gêneros e atuação em indústrias diversas”, afirma Ralf Boscheck, diretor do programa. “E o Brasil não pode ficar de fora.” Os brasileiros, que têm em comum a nacionalidade e a faixa etária, trazem formação e experiências bem diversificadas.
“Além da qualidade do curso, escolhi o IMDLink externo porque é uma escola que é focada na diversidade dos alunos e professores. A faixa etária dos alunos – 31 anos – também é um pouco mais alta do que a dos MBAs americanos”, explica Diego Barreto, 31 anos. O executivo tem um plano de carreira claro, que é sair da área financeira para atuar no gerenciamento geral da empresa onde trabalha, a OAS, que atua no setor de engenharia e infraestrutura. “Por isso, o MBA me ajuda a entender as diversas facetas do negócio.”
SOBRE O IMD
Criada em 1990, a escola IMD (International Institute for Management Development) é a sucessora de duas escolas de negócios independentes: o IMI, fundado em 1946 em Genebra pela Alcan, e o IMEDE, criado em Lausanne em 1957 pela Nestlé. A escola ocupa a liderança do ranking de Educação Executiva no Mundo, publicado anualmente pelo jornal inglês Financial Times, e o primeiro lugar no ranking do ranking dos chamados Programas Abertos, também do Financial Times.
Além do MBA, a escola oferece um série de programas abertos a executivos e organiza programas customizados para empresas. De acordo com a escola de negócios, todo anos, 8 000 executivos de 98 países passam pelo IMD para participar de um de seus cursos. A diversidade também faz parte do próprio time. Entre seus funcionários e professores estão representadas mais de 34 nacionalidades.
End of insertionA paulistana Beatriz Peloia, 27 anos, trabalhava em Paris no International Finance Corporation, uma instituição que pertence ao Banco Mundial, quando decidiu aplicar para o MBA. “Pelo fato de a turma ser menor que as das outras escolas, com 90 alunos, temos muito mais contato com os colegas de classe, com os professores e coordenadores. E isso faz, sim, uma bela diferença”, diz Peloia.
Além das aulas e atividades programadas, a turma de brasileiros aproveitou a intensa presença do Brasil no mídia mundial no primeiro semestre deste ano – com as notícias sobre os protestos, depois o evento da Copa do Mundo – para fazer algumas apresentações sobre o país. Organizaram também eventos paralelos na casa dos estudantes. “Muitos alunos do MBA não tinham ideia da força econômica do país e das oportunidades”, afirma o executivo Rodrigo Jardim, 32 anos.
Em sala de aula
Não é a toa que a própria escola tem usado as histórias de sucesso de empresas brasileiras como material em sala de aula. São os chamados “business cases”. São histórias reais das empresas, estruturadas e apresentadas aos alunos para que conheçam exemplos concretos do mercado. E, assim, aprendam na prática.
“Um dos casos que estudamos foi a compra da Anheuser-Busch pela Inbev”, lembra Jardim. Business Cases da Petrobrás e da marca Havaianas (Alpargatas) também foram apresentados e discutidos em sala de aula.
Outra atividade programada é uma viagem ao Brasil em agosto. O único professor brasileiro do IMD, Carlos Braga, acompanhará uma turma de alunos do MBA numa visita a empresas brasileiras. No roteiro estão organizações como Vale do Rio Doce, Camargo Corrêa, Embraer e Natura.
“Nossos business cases são internacionais. Temos também várias iniciativas de pesquisa na América Latina”, afirma Ralf Boscheck. “A escola é muito sensível às diversidades. E isso faz com que o nível das discussões seja alto”, afirma Diego Barreto.
Vale lembrar também que a ideia de que o executivo brasileiro e as empresas brasileiras se concentram majoritariamente no mercado doméstico nem sempre corresponde à realidade. “Veja o caso da OAS, uma empresa brasileira, gerenciada por profissionais brasileiros, que em menos de 10 anos ampliou sua atuação em 21 países. Cresce 40% ao ano e 25% de sua receita são provenientes do mercado externo”, conta Barreto.
Sustentados por esses e vários outros exemplos de crescimento, os executivos brasileiros têm ganho mais visibilidade no mercado internacional. “Sentimos que o capital humano brasileiro tem sido mais reconhecido”, afirma Barreto. A missão desses profissionais agora é alimentar e sustentar esse ciclo virtuoso, focando não apenas nos resultados mas numa gestão mais humana, sustentável e responsável.

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