Aquecimento global provoca migração de plantas para as altitudes
Cada vez mais espécies de plantas estão crescendo no topo das montanhas hoje do que há 100 anos. Cientistas suíços conseguiram finalmente provar que esta tendência está ligada ao aquecimento global.
Pesquisadores de 11 países, inclusive do Instituto Federal Suíço de Pesquisas Florestais, da Neve e da Paisagem (WSL), analisaram pesquisas de plantas feitas em 302 topos de montanhas europeias - nos Alpes, Pirineus, Cárpatos, na Escócia e Escandinávia. Eles compararam seus resultados com dados de vegetação que remontam a 145 anos.
"Encontramos uma aceleração em todo o continente na taxa de aumento da riqueza de espécies vegetais, com cinco vezes mais enriquecimento de espécies entre 2007 e 2016 do que há 50 anos, entre 1957 e 1966", publicaram eles na revista científica Nature.
Essa aceleração foi "notavelmente sincronizada" com o aquecimento global acelerado, e não se encontra ligada a fatores alternativos, como a poluição, ou a crescente presença de humanos nas montanhas.
"Esta é a primeira vez que uma resposta tão acelerada ao aquecimento do clima foi demonstrada nos habitats dos Alpes", disse Sonja Wipf, da WSL, uma das líderes do estudo.
Até agora, esses processos acelerados - causados pelo aquecimento global cada vez mais rápido - foram demonstrados principalmente para sistemas inanimados, como os glaciares.
Consequências
O aquecimento global está permitindo que mais e mais espécies termofílicas (que prosperam em temperaturas mais altas) subam para regiões de maior altitude, onde foram incapazes de sobreviver no passado. Essas espécies incluem arnica, grama alpina, dente de leão alpino e arbustos de amora.
Embora a ideia que mais espécies desabrochem no topo das montanhas possa ser bem recebido por algumas pessoas, a WSL aponta para potenciais consequências negativas do aumento da biodiversidade.
"Em média, essas plantas são maiores e, portanto, mais competitivas do que as espécies de cúpula tradicionais, que estão, portanto, em risco de perderem seu espaço no longo prazo", escreveram os pesquisadores.
"No entanto, serão décadas até sabermos como a mudança climática altera a composição das espécies de cúpula a longo prazo."

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