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Aumenta a cremação de mortos

Santos e finados Keystone

Reflexo de uma tendência que aumenta em países europeus, na Suíça a incineração torna-se prática cada vez mais adotada. Velórios quase desaparecem, cemitérios viram jardins de passeio, a morte se dessacraliza e pouco resta de ritos e cerimônias fúnebres.

Este conteúdo foi publicado em 01. novembro 2000 minutos

Faz apenas 32 anos que o Vaticano aceitou o princípio da incineração. Na Suíça, a cremação é uma prática muito mais freqüente entre os protestantes que atualmente representam quase a metade da população suíça. Ela é menos freqüente entre os católicos, ligeiramente mais numerosos.

No protestante cantão (estado) de Vaud, que faz fronteira com o de Genebra, cerca de 80 por cento dos mortos são incinerados. Em Genebra, cidade de Calvino, a percentagem é pouco inferior.

Pelo menos na Suíça de expressão francesa - como lembra o jornal genebrino, Le Temps - a cremação apareceu apenas no fim do século passado. Quando se indaga a reação das pessoas sobre essa prática, os partidários a estimam favorável porque permite aos mortos "realmente partir". Seria uma "solução mais humilde".

Os adversários realçam a "carência de laços físicos entre vivos e mortos". Para eles a recordação dos defuntos precisa de suportes como o túmulo e o cemitério, como escreve o Le Temps. Afinal o túmulo simboliza o culto aos mortos.

Sinais do tempo, muitos cemitérios na Suíça se transformam em jardins, em oásis de paz e tranquilidade. Cita-se, entre outros, o de Plainpalais, no centro de Genebra, para onde afluem as pessoas, principalmente na pausa do meio-dia. Além do passeio em local sossegado, podem ser admirados túmulos de personalidades internacionalmente conhecidas como o escritor argentino, Jorge Luis Borges (1889-1986)e o maestro Ernest Ansermet, entre outros.

Pode-se notar também na Suíça uma tendência de tornar a morte menos assustadora. Um exemplo, os carros fúnebres já são de cor cinza e não preta. Por outro lado, as procissões rumo ao cemitério tendem a acabar. Em certas cidades são até proibidas para não atrapalhar o trânsito.

Diante dessa evolução, resta, quando se debate os transtornos relacionados com os ritos da morte, o que se descreve como "uma degradação geral das cerimônias fúnebres", uma verdadeira dessacralização.

Permanece no entanto, a sentença dos textos sagrados: "Memento homo quia pulvis est et in pulvere reverteris" (lembra-te homem que es pó e em pó te transformarás).

J.Gabriel Barbosa






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