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Ambiente foi de festa entre turcos e alemães em Basiléia

Duas torcedoras turcas e um torcedor alemão, em Basiléia swissinfo.ch

Muitos temiam confrontos entre torcedores turcos e alemães em Basiléia e as medidas de segurança, que eram drásticas, foram ainda reforçadas. Nada houve de anormal e o ambiente foi de descontração.

Este conteúdo foi publicado em 26. junho 2008 minutos

Depois do jogo, não foram poucos os alemães que cumprimentavam turcos, abatidos pelo resultado. "Não fiquem tristes porque vocês jogaram muito bem", disse um suíço a um casal no ponto do tram 8, que liga Basel a Kleinbasel, reduto turco da cidade.

Basiléia, no noroeste da Suíça, teve um alegre despertar. Desde cedo ouvia-se cornetas ou gritos de guerra de tempos em tempos. Era como um aviso de que algo diferente aconteceria na cidade.

Mesmo assim, o último dia de jogo em Basiléia não superou a festa que os holandeses promoveram quando por aqui passaram. Naquele sábado, a cidade ficou laranja.

Batalha de humor

Durante a tarde, alemães e turcos fizeram de Basiléia um campo de batalha, mas a principal arma era o humor – acompanhado dos gritos de guerra de cada um dos times. Quando Matthäus Hammerl, vestido com os trajes do Tirol, por exemplo, abria a carteira para pegar algo, circulava um grupo turco. Um deles gritou, num bom alemão:
- Cuidado com a carteira, há turcos aqui!
Eles riram e continuaram a caminhada – cada um na sua rota.

O dia quente motivava muitos dos turistas a pular no Reno, mas do lugar errado: do alto da ponte e no meio do rio, onde circulam embarcações.

Alguns policiais resolveram falar com os incautos para que não corressem tal risco. Eram alemães. Aproxima-se um grupo turco, que pede à polícia que os deixem pular. "São alemães, deixe pular", gritavam. Todos riram. (Normalmente, pular no Reno a partir da ponte na Basiléia dá multa de 100 francos, mas durante a Eurocopa a polícia fez uma exceção).

Muitos vieram de bonde

Outra curiosidade era que muitos alemães chegavam à cidade suíça pelo bonde n° 8. O transporte praticamente liga a Alemanha à Basiléia porque chega muito perto da fronteira, mas passa pelo reduto turco da cidade, Kleinbasel. Os alemães invadiram a praia dos turcos.

Eles chegavam sem disfarces: com perucas, caras pintadas e tudo a que tinham direito. Mas sem stress. "Se houver brigas e o ambiente não estiver bom, volto para casa", disse Thomas Hiferlin, de 25 anos, que pegou o bonde para chegar a Basiléia. Ele estava com dois amigos e assistiu ao jogo até o final, num bar – nada de fanzones.

"Este é um jogo de vizinhos. Muitos turcos que vivem na Alemanha estão aqui. Não haverá problemas", disse Cevdet Erdöl, parlamentar turco que veio à Suíça especialmente para o partida. Ele tem razão. De acordo com os dados estatíscos, há mais de 2 milhões de turcos legais na Alemanha.

Bazar mais barato

Eventos de massa mudam a rotina e até as regras. A ponte sobre o Reno virou também um mercado livre. Lembrava, guardadas as proporções, a ponte da amizade, que liga Foz do Iguaçu ao Paraguai. Havia de tudo para vender, em geral pela metade do preço: camisetas, cervejas, chapéus e tudo o mais que seduz os fãs do futebol...A cerveja, grande aditivo dos torcedores, custava quatro francos e não tinha depósito (nas fanzones, a cerveja oficial era vendida por 5 francos mais 2 francos de depósito por copo de 4 dl).

Ao que parece, os policiais não se preocuparam com isso – apenas com a segurança das pessoas. Depois do jogo, os torcedores circulavam pela cidade. A cada esquina, um grupo de seis policiais fazia a escolta preventiva.

Entre os torcedores, uns queriam comemorar, outros afogar as mágoas. "Estou frustrado porque jogamos com um time praticamente reserva. Eles tiveram sorte", disse o turco Oguzhan Ganpolat. Acompanhado de um grupo de amigos, ele se preparava para voltar para casa: Berlim.

swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia

Integração

A partida entre Alemanha e Turquia foi classificada na véspera como "o jogo do ano", segundo o jornal alemão Bild.

Alguns políticos alemães viram a semifinal como um "teste para a integração dos turcos na Alemanha".

Os turcos formam o maior grupo de imigrantes na Alemanha. Cerca de 1,74 milhão de pessoas residentes na Alemanha têm passaporte turco. Outros 650 mil nascerem na Turquia e foram naturalizados alemães.

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Estrangeiros na Suíça

Na Suíça vivem 1.599.590 estrangeiros. O alemães formam o segundo maior grupo (214.504), os turcos o sexto (72.443).

No cantão (estado) da Basiléia vivem 18 mil turcos – 7,6 mil na cidade homônima, sede do jogo Alemanha x Turquia e onde também moram 11 mil alemães.

Origem dos estrangeiros na Suíça:

Itália: 290.329 (18,2%)
Alemanha: 214.504 (13,4%)
Portugal: 188.527 (11,8%)
Sérvia: 186.376 (11,7%)
França: 80.884 (5,1%)
Turquia: 72.443 (4.5)
Espanha: 64:846 (4,1%)
Macedônia: 59.844 (3,7%)
Bósnia-Herzegowina: 38.782 (2,4%)
Croácia: 37.358 (2,3%)
Outros: 365.697 (22,8%)

Total: 1.599.590

Dados oficiais de 25/06/08

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