Ministro da Economia defende acordo com o Mercosul e põe em dúvida acordo com UE em 2019
Em meio a críticas da direita e da esquerda, o ministro suíço da Economia, Guy Parmelin, defende o recente acordo comercial com o Mercosul, fala sobre a preparação para uma recessão e diz que é improvável que o país chegue a um acordo com a UE antes do próximo ano.
Em entrevista de duas páginas ao jornal de língua alemã SonntagsZeitung, Parmelin disse estar convencido de que a assinatura do controverso acordo de livre comércio com a região do Mercosul é boa para a economia em meio à concorrência com a UE. Com o acordo, cerca de 95% das exportações suíças para a região serão isentas de tarifas.
"A UE também negociou recentemente um acordo de livre comércio. Não podemos dar-nos ao luxo de ficar para trás. Há muita coisa em jogo para a nossa economia", declarou Parmelin ao jornal.
O acordo tem sido criticado na Suíça enquanto líderes mundiais, como o presidente francês Emmanuel Macron, ameaçam adiar o acordo comercial com o Brasil por causa dos incêndios na floresta amazônica.
Parmelin responde: "São ameaças vazias. Estou convencido de que Macron vai assinar o acordo".
No sábado, o Partido Verde aprovou um referendo sobre medidas vinculativas de proteção do clima no âmbito do acordo.
Parmelin defendeu o acordo argumentando que dá à Suíça mais influência e força para evitar o desmatamento e que o acordo inclui compromissos de não comprar produtos de terras recém-desmatadas.
O ministro, e antigo agricultor, também enfrentou críticas do setor agrícola e de seu próprio partido, de direita, que se preocupam com a crescente concorrência das importações. Para isso, ele garante que o acordo protege empregos e oferece economias tarifárias significativas, bem como novas oportunidades de exportação.
UE no novo ano
Embora Parmelin acredite que um acordo comercial com os EUA seja possível este ano, o ministro foi mais pessimista quanto às negociações com a União Europeia sobre o acordo-quadro que se arrasta há mais de quatro anos. Ele não acredita que as discussões com a UE possam acontecer até o próximo ano.
"Não creio que possamos concluir este ano. A nossa agenda e a da UE só permitem uma conclusão no próximo ano, na melhor das hipóteses", afirmou, referindo-se às eleições federais suíças e a uma nova Comissão Europeia que será decidida no outono.
Parmelin afirmou que os pontos controversos no acordo-quadro da UE não foram resolvidos, incluindo a proteção dos salários e a diretiva relativa aos cidadãos europeus.
O ministro suíço espera que a "razão prevaleça" na questão da cooperação científica com a Suíça. "Acredito que a UE se enfraqueceria se deixasse de cooperar com a Suíça na área da pesquisa científica.”
Ele acrescentou que "Seremos forçados a procurar alternativas, talvez em conjunto com a Grã-Bretanha, se a UE continuar dogmática".
Parmelin disse também que o governo está trabalhando em um Plano B, mas não forneceu mais detalhes.
Parece que nem todos os conselheiros federais, os ministros que governam a Suíça, são da mesma opinião quando se trata da UE. Em um discurso proferido na reunião anual de embaixadores no sábado à noite, o conselheiro federal Ueli Maurer (colega de partido de Parmelin) declarou que o acordo da UE tinha fracassado. A declaração causou celeuma, segundo o jornal NZZ am Sonntag, uma vez que o Ministro das Relações Exteriores, Ignazio Cassis, tinha garantido que seu ministério continuava trabalhando em um acordo.

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