Navigation

Ministro da Economia defende acordo com o Mercosul e põe em dúvida acordo com UE em 2019

Em meio a críticas da direita e da esquerda, o ministro suíço da Economia, Guy Parmelin, defende o recente acordo comercial com o Mercosul, fala sobre a preparação para uma recessão e diz que é improvável que o país chegue a um acordo com a UE antes do próximo ano.

Este conteúdo foi publicado em 02. setembro 2019 minutos
Para o ministro suíço, as críticas contra o governo Bolsonaro com relação aos incêndios na floresta amazônica não passam de ameaças vazias © Keystone / Peter Klaunzer

Em entrevista de duas páginas ao jornal de língua alemã SonntagsZeitung, Parmelin disse estar convencido de que a assinatura do controverso acordo de livre comércio com a região do Mercosul é boa para a economia em meio à concorrência com a UE. Com o acordo, cerca de 95% das exportações suíças para a região serão isentas de tarifas.

"A UE também negociou recentemente um acordo de livre comércio. Não podemos dar-nos ao luxo de ficar para trás. Há muita coisa em jogo para a nossa economia", declarou Parmelin ao jornal.

O acordo tem sido criticado na Suíça enquanto líderes mundiais, como o presidente francês Emmanuel Macron, ameaçam adiar o acordo comercial com o Brasil por causa dos incêndios na floresta amazônica.

Parmelin responde: "São ameaças vazias. Estou convencido de que Macron vai assinar o acordo".

No sábado, o Partido Verde aprovou um referendo sobre medidas vinculativas de proteção do clima no âmbito do acordo. 

Parmelin defendeu o acordo argumentando que dá à Suíça mais influência e força para evitar o desmatamento e que o acordo inclui compromissos de não comprar produtos de terras recém-desmatadas.

O ministro, e antigo agricultor, também enfrentou críticas do setor agrícola e de seu próprio partido, de direita, que se preocupam com a crescente concorrência das importações. Para isso, ele garante que o acordo protege empregos e oferece economias tarifárias significativas, bem como novas oportunidades de exportação.

UE no novo ano

Embora Parmelin acredite que um acordo comercial com os EUA seja possível este ano, o ministro foi mais pessimista quanto às negociações com a União Europeia sobre o acordo-quadro que se arrasta há mais de quatro anos. Ele não acredita que as discussões com a UE possam acontecer até o próximo ano.

"Não creio que possamos concluir este ano. A nossa agenda e a da UE só permitem uma conclusão no próximo ano, na melhor das hipóteses", afirmou, referindo-se às eleições federais suíças e a uma nova Comissão Europeia que será decidida no outono.

Parmelin afirmou que os pontos controversos no acordo-quadro da UE não foram resolvidos, incluindo a proteção dos salários e a diretiva relativa aos cidadãos europeus.

O ministro suíço espera que a "razão prevaleça" na questão da cooperação científica com a Suíça. "Acredito que a UE se enfraqueceria se deixasse de cooperar com a Suíça na área da pesquisa científica.”

Ele acrescentou que "Seremos forçados a procurar alternativas, talvez em conjunto com a Grã-Bretanha, se a UE continuar dogmática".

Parmelin disse também que o governo está trabalhando em um Plano B, mas não forneceu mais detalhes.

Parece que nem todos os conselheiros federais, os ministros que governam a Suíça, são da mesma opinião quando se trata da UE. Em um discurso proferido na reunião anual de embaixadores no sábado à noite, o conselheiro federal Ueli Maurer (colega de partido de Parmelin) declarou que o acordo da UE tinha fracassado. A declaração causou celeuma, segundo o jornal NZZ am Sonntag, uma vez que o Ministro das Relações Exteriores, Ignazio Cassis, tinha garantido que seu ministério continuava trabalhando em um acordo.


Em conformidade com os padrões da JTI

Em conformidade com os padrões da JTI

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Os comentários do artigo foram desativados. Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch

Partilhar este artigo

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?